No mês de março, o presidente Barack Obama realizou uma visita considerada histórica a Cuba. Mas será que as expectativas – de cubanos, norte-americanos e ativistas de Direitos Humanos – não teriam sido um tanto frustradas?
[img align=left width=300]https://thumbor.guiame.com.br/unsafe/840×500/smart/media.guiame.com.br/archives/2016/03/31/1206111237-igreja-matriz-de-cuba.jpg[/img]Mesmo com uma relativa reaproximação entre as nações, após a suspensão do embargo econômico que durou quase 60 anos e a reabertura de uma embaixada norte-americana na ilha, o clima da visita de Obama não foi lá tão amigável.
Antes de fazer a tão esperada visita, Obama deixou claro que abordaria assuntos ‘delicados’, como a falta de liberdade de consciência – o que inclui não apenas o discurso livre, mas também a liberdade religiosa – e realmente o fez.
“Tenho que falar honestamente sobre as coisas que eu e o povo americano acreditamos. Eu acredito, mas não posso obrigar vocês a acreditar, mas acho que deveriam. Acredito que todos devem ser iguais perante a lei e que não devem ter medo de falar o que pensam. Que todos devem ter liberdade para praticar a fé que acreditam e que devem votar em eleições democráticas. Os direitos humanos são universais, para americanos, cubanos e todo o mundo”, afirmou Obama.
“É tempo de deixarmos o passado para trás e pensar num futuro juntos. Um futuro de esperança”, completou.
Porém o discurso de Obama não foi bem recebido pelo ex-presidente cubano, Fidel Castro, que repeliu com veemência, a fala do presidente norte-americano.
“Não necessitamos que o império nos presenteie com nada. Nossos esforços serão legais e pacíficos, porque é nosso compromisso com a paz e a fraternidade de todos os seres humanos que vivem neste planeta”, disse Castro ao se referir sobre a proposta de mudanças e a suspensão do embargo econômico.
“Somos capazes de produzir os alimentos e as riquezas materiais que necessitamos com o esforço e a inteligência de nosso povo”, ressaltou.
[b]Perseguição religiosa
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Diferente do que muitos pensam, a perseguição religiosa em Cuba é uma realidade que tem se arrastado por décadas e ainda coloca a nação e sua gestão do regime comunista em uma difícil situação com relação ao respeito aos Direitos Humanos.
Entre os diversos e impactantes testemunhos que comprovam esta realidade está o fato que acabou batendo à porta desta visita histórica de Obama a Havana.
O pastor Mario Felix Lleonart de Barroso foi preso no domingo (20), horas antes da chegada do presidente norte-americano a Havana. A casa de Mario havia sido cercada por policiais naquela manhã e ele foi levado à prisão, enquanto sua esposa e duas filhas permaneceram detidas em sua própria casa.
Em outro fato que evidencia ainda mais a perseguição religiosa na ilha cubana, a ‘Emanuel Church’ – uma igreja filiada ao Movimento Apostólico, denominação protestante não registrada – foi demolida pelas autoridades locais no início de fevereiro e 200 pessoas foram presas.
Com certas semelhanças à prisão do pastor Mario, o reverendo Alain Toledano – líder da ‘Emanuel Church’ – também teve sua casa cercada por policiais e militares, às 5h da manhã.
Anteriormente, no dia 08 de janeiro, dois outros templos da mesma denominação já haviam sido demolidos, nas províncias de Camaguey e Las Tunas.
[b]Histórias escritas com sangue
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O sofrimento do ex-funcionário do governo cubano, Armando Valladares também comoveu centenas de milhares de cristãos recentemente.
Preso em 1960, o cristão foi torturado por 22 anos em uma prisão cubana e atualmente é uma das principais vozes na luta pela liberdade religiosa em Cuba.
Durante sua prisão, Valladares ocupou grande parte de seu tempo, escrevendo cartas e poesias, que sua mulher, Martha, enviava clandestinamente para fora de Cuba, com o objetivo de publicá-las – o que criou um clamor internacional por sua libertação e uma consciência global sobre a perseguição que prisioneiros políticos (e também por motivos religiosos) cubanos sofreram.
Considerando-se que ele geralmente não tinha canetas, lápis ou folhas de papel para escrever, ele acabou usando qualquer coisa que que encontrava para produzir suas cartas e poemas. Valladares muitas vezes reaproveitou papéis de cigarro e até mesmo usou chegou a usar o seu próprio sangue como tinta para escrever.
[b]Esperança[/b]
A lenta reaproximação de Cuba e Estados Unidos surge como uma ponta de esperança em um cenário no qual o desespero e o desrespeito às liberdades de consciência / religião ainda marcam os cidadãos cubanos.
Em julho de 2015, a abertura do país a receber 83.000 Bíblias animou ainda mais os cristãos na ilha, porém a recente resposta de Fidel Castro – que apesar de não governar mais efetivamente, ainda tem grande influência política – ao discurso de Obama pode dar uma ideia do quão lento pode ser esse processo abertura do país ao Evangelho.
[b]Fonte: Guia-me[/b]