Uma denúncia de assédio sexual contra o padre Pedro Damázio, de Cambridge, ainda não foi comprovada mas já tem mexido com as bases da Igreja Católica em Boston.

No dia 10 de julho, Damázio teria recebido um comunicado da Arquidiocese de Boston dizendo que “duas pessoas adultas fizeram denúncia de conduta imprópria.” Segundo fiéis, o padre teria decidido retornar ao Brasil no domingo, 12, e sem se defender, porque um advogado o teria orientado que esta seria a opção mais segura.

O padre José Eduardo Marques, coordenador geral do Apostolado Brasileiro em Massachusetts, confirmou o teor das denúncias. “O que consta, lá está dizendo que foi na ordem de assédio,” disse o padre que desde janeiro coordenada o Apostolado, órgão responsável por 25 paróquias católicas na região de Boston.

Padre José Eduardo disse também que todos os padres do Apostolado receberam uma carta da Diocese em que todas as circunstâncias do incidente são explicadas, mas que “não poderia se pronunciar até que tudo fosse apurado.”

No entanto, o padre Moacir Belém, da paróquia de Somerville, disse que a tal carta não passa de um email enviado pelo Padre José Eduardo contendo apenas três frases.

“Não identifica se é homem, ou se é mulher… … são somente alegações, não foi uma coisa formal. Não tem nada de confirmado, nada de seguro,” disse o padre em entrevista telefônica concedida ao blogueiro.

Em 25 anos como padre, Pedro Damázio alcançou muitos feitos. Ele, que foi coordenador geral do Apostolado até dezembro último, fundou há mais de 12 anos a comunidade católica de Lowell. Em sua despedida da paróquia, alguns católicos seguravam cartazes dizendo que “o padre estarás sempre no coração de Lowell.” Desde 2007, padre Pedro vinha liderando a igreja de Cambridge, conhecido reduto de portugueses em Massachusetts.

Mas as denúncias já estão abalando a comunidade de Lowell, que no momento ainda não tem padre fixo.

Na missa de domingo de manhã, uma mulher teria dito que “meus filhos cresceram aqui dentro, como vamos contar isso tudo para eles,” relatou uma católica, que preferiu não ser identificada. Outra fiel disse que o marido americano já anunciou que vai deixar a igreja por causa das denúncias.

Para o padre Heitor Castoldi, de Framingham, bairro que concentra a maior comunidade brasileira do estado, há mais risco de as denúncias impactarem a imagem das igrejas que tiveram a liderança do padre Pedro.

“Na região de Lowell, onde ele era conhecido, o problema é mais delicado,” disse.

Padre Heitor foi um dos diversos líderes católicos que preferiram não ler, em missa, o comunicado repassado pela padre José Eduardo.

“É uma coisa que não é comprovada, eu não vou ficar criando alvoroço no povo por nada,” disse ele.

Pelo menos dois católicos manifestaram ao blogueiro a suspeita de que padre Pedro pode ter sido vítima de uma complô pela liderança da Igreja Católica. Pelo menos dois católicos manifestaram ao blogueiro a suspeita de que padre Pedro pode ter sido vítima de uma complô de partes da liderança da Igreja Católica. Uma brasileira de Everett disse que as denúncias não passam de “calúnias” e que já tem gente que vai sair processado por elas.

O blogueiro conseguiu contactar o padre Pedro em Orlean, Santa Catarina, mas ele preferiu não se manifestar até que consiga “entender tudo isso que está acontecendo.”

Na semana passada, alguns fiéis conseguiram falar com o padre ao telefone.

Em conversa, Pedro Damázio teria pedido a um grupo de três ou quatro pessoas para tentar impedir que lessem nas missas a carta sobre as alegações contra ele. O padre disse também, segundo fiéis, que preferiu voltar para o Brasil para “olhar nos olhos” da própria mãe e rebater todas as acusações.

O nome do padre ainda consta no site do Apostolado Brasileiro como coordenador de Cambridge e Gloucester. Ainda não foi apontado substituto para o padre na igreja de Cambridge.

Em 12 anos nos EUA, Padre Pedro nunca havia sido denunciado por nada. Segundo fiéis, o seu green card vence apenas em 2015.

Fonte: O Globo online

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