Manato confirmou a doação, mas acredita que dinheiro não foi para igreja. Inquérito policial foi colocado em segredo de Justiça nesta sexta-feira (10).
O Deputado Federal do Espírito Santo, Carlos Manato, doou R$ 300 mil a uma fundação criada pela Igreja Cristã Maranata, em 2008. A doação foi confirmada pelo próprio deputado, nesta sexta-feira (10), por telefone, ao G1. A Delegacia de Defraudações e Falsificações (Defa), de Vitória, investiga as denúncias de desvios de dízimo e demais irregularidades da Igreja. A própria igreja movel uma ação na 8ª Vara Cível de Vitória contra o ex-vice-presidente e o contador Leonardo Meirelles de Alvarenga também já transitava em sigilo.
A doação, segundo o deputado, está em uma emenda de 2008. De acordo com Manato, as doações são provenientes de fundos do Ministério da Saúde. Ele não acredita que o dinheiro tenha sido repassado à igreja. “A chance desse dinheiro ter ido para a igreja é zero. A fundação foi criada pela igreja, mas tem sua autonomia. Ela é gerida diferentemente da igreja. Ela tem obras assistenciais e também de saúde, e foi para esta área a minha doação. A fundação tem projetos de tratamento de câncer de pele, que eu conheço bem. Tem fiéis da Maranata na fundação, mas é zero a chance desse dinheiro ter ido para lá”, afirma.
[b]Mais suspeitas
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Segundo matéria publicada no Jornal A Gazeta desta sexta-feira (10), documentos de uma investigação interna apontam que um sobrinho do presidente da Igreja Maranata é dono de uma empresa de equipamentos de sonorização que prestou serviços à igreja. Nos últimos seis anos, a empresa teria recebido R$ 23 milhões. A Igreja Maranata informou que a contratação de fornecedores segue o preço de mercado e que não há nenhuma ingerência na gestão administrativa da instituição.
Sobre a procedência das denúncias da suposta participação do sobrinho do presidente no esquema, o advogado do grupo de ex-membros da Igreja Maranata, que promoveu as denúncias iniciais, Leonardo Shuler, afirmou ao G1 que, pela processo correr em segredo de Justiça, não pode informar se foi o grupo que ele representa que descobriu a denúncia.
Na tarde desta sexta-feira (10), o advogado de defesa criminal da Igreja Maranata, Homero Mafra, compareceu à delegacia, mas não atendeu a imprensa.
[b]Denúncia[/b]
A suspeita de desvio de mais de R$ 2 milhões arrecadados do dízimo pago por fiéis, além de compras superfaturadas e caixa dois, fez ex-membros da Igreja Maranata, no Espírito Santo, fazerem denúncias, que resultaram no afastamento de três pastores e um contador. A partir das denúncias, a Igreja Maranata move uma ação na 8ª Vara Cível contra o ex-vice-presidente e o contador. Entre eles, está um ex-vice-presidente da instituição, criada há 43 anos no estado e que já possui 5,5 mil templos no Brasil e em outros país.
O Ministério Público Estadual (MP-ES) informou que as denúncias direcionam para diversas irregularidades. O contador suspeito de participar do desvio Leonardo Meirelles de Alvarenga disse, em nota, que só se pronunciará sobre a ação por meio de sua defesa. O G1 tentou contato com ex-vice-presidente da igreja, investigado no processo, mas ele não atendeu as ligações.
[b]Como funcionava?[/b]
Um serviço que custaria, por exemplo, R$ 5 mil, era registrado como se valesse R$ 8 mil. Segundo a denúncia, a igreja pedia nota fiscal com valor superfaturado e no acerto de contas as empresas ficaram com o valor real do serviço. Os demais R$ 3 mil, nesse exemplo, eram desviados para o ex-vice presidente da igreja ou por pessoas indicadas por ele. “Vi documentos que comprovam que o patrimônio de um dos denunciados é assustador, incompatível com o que ele ganhava”, exemplificou o ex-pastor, que preferiu não se identificar. Ele ainda disse que há evidências de que a fraude acontecia desde 2006.
[b]Fonte: G1[/b]