Alvo de um escândalo sexual que pode colocar em risco a campanha republicana para as eleições legislativas de novembro, o ex-deputado americano Mark Foley afirmou nesta terça-feira, através de seu advogado, ter sido molestado sexualmente por um sacerdote quando era adolescente.
Ainda de acordo com o relato do defensor, Foley aceitou toda a responsabilidade por enviar mensagens eróticas para garotos menores de idade – fato que o obrigou a renunciar na última sexta-feira.
Segundo o advogado David Roth, o ex-deputado republicano teria sofrido os abusos sexuais em duas ocasiões, quando tinha 13 e 15 anos. Roth não quis identificar o clérigo e nem a Igraja a qual ele pertencia, mas sabe-se que Foley era católico.
O advogado também anunciou pela primeira vez que Foley é homossexual, ressaltando que a revelação é parte da “recuperação” de seu cliente.
Ainda assim, ele insistiu que seu cliente nunca teve contatos sexuais com um menor de idade.
“Mark Foley quer que vocês saibam que ele é gay”, disse Roth aos repórteres. As declarações vêm no momento em que os republicanos lutam para evitar que o comportamento do ex-deputado e sua conseqüente renúncia resultem em uma queda na popularidade do partido, que luta para manter sua maioria no Congresso após as eleições legislativas de novembro.
Foley representou o distrito de West Palm Beach na Câmara dos Representantes por 12 anos, e renunciou ao cargo na semana passada após ser acusado de trocar e-mails e mensagens instantâneas de conteúdo erótico com menores de idade que trabalhavam no Congresso. O republicano concorreria à reeleição nas eleições de novembro.
O advogado acrescentou que Foley, que está em tratamento por alcoolismo, nunca manteve contatos sexuais inapropriados com um menor. Ele disse ainda que Foley estava sob influência do álcool quando mandou várias das mensagens.
Efeito eleitoral
O escândalo gerado pelos desvios comportamentais do ex-deputado colocou o partido republicano à beira de uma crise interna que pode ter efeitos desastrosos nas eleições legislativas de novembro.
Nesta terça-feira, o presidente da Câmara dos Representantes, o republicano Dennis Hastert, negou os boatos de que iria renunciar ao cargo. Ele é acusado de ter encoberto o escândalo.
Em entrevistas concedidas na segunda-feira, Hastert afirmou só ter conhecido as acusações contra Foley na sexta-feira, dia em que o deputado renunciou. Ele explicou que membros de sua equipe sabiam do caso desde o fim do ano passado, mas alegou que não haveria motivos para que o assunto fosse encaminhado à ele naquela época.
Temendo as conseqüências eleitorais do caso, o presidente George W. Bush também entrou na história. Ele disse nesta terça-feira estar “enojado” com o escândalo, mas deu um voto de confiança a Hastert, a quem descreveu como “um pai e um mestre”.
“Me senti comovido e consternado ao saber do comportamento inaceitável do congressista Foley”, afirmou o presidente. “Esta revelação me enoja. Foley violou a confiança dos cidadãos que o elegeram para o cargo”, afirmou.
O presidente pediu uma investigação sobre o caso. “Esta investigação deve ser minuciosa. Qualquer violação da lei deve ser levada à Justiça”, afirmou o presidente.
Fonte: Estadão