Os deputados federais Paulo Pimenta (PT-RS) e Wadih Damous (PT-RJ) entraram com uma representação no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) contra o procurador da República Deltan Dellagnol, coordenador da força-tarefa da Operação Lava-Jato no Paraná.
Dallagnol anunciou no domingo de Páscoa que iria fazer jejum durante o julgamento do habeas corpus do ex-presidente Lula no Supremo Tribunal Federal (STF).
“Uma derrota significará que a maior parte dos corruptos de diferentes partidos, por todo país, jamais serão responsabilizados, na Lava-Jato e além. O cenário não é bom. Estarei em jejum, oração e torcendo pelo país”, escreveu Dallagnol no Twitter.
4ª feira é o dia D da luta contra a corrupção na #LavaJato. Uma derrota significará que a maior parte dos corruptos de diferentes partidos, por todo país, jamais serão responsabilizados, na Lava Jato e além. O cenário não é bom. Estarei em jejum, oração e torcendo pelo país.
— Deltan Dallagnol (@deltanmd) 1 de abril de 2018
Segundo os deputados, na peça protocolada na terça-feira, Dallagnol infringiu o Código de Ética e de Conduta do Ministério Público da União. Eles dizem que o procurador, “ao fazer proselitismo político religioso nas redes sociais” infrigiu dispositivos do código.
Pimenta e Damous argumentam que o procurador infringiu artigo sobre “imparcialidade no desempenha de funções”.
“III. Atuar com imparcialidade no desempenho das atribuições funcionais, não permitindo que convicções de ordem político-partidária, religiosa ou ideológica afetem sua isenção”, citam.
Os deputados dizem ainda que o procurador é “um intenso usuário de redes sociais” e que “lança os mais diversos comentários” em suas contas públicas de Facebook e Twitter “como se fosse um influenciador digital, com atuação semelhante à de youtubers e blogueiros”.
Os petistas pedem que seja instaurando um processo disciplinar para apurar o caso e, caso seja cabível, aplicado a penalidade prevista em lei.
Deltan Dallagnol dividiu opiniões ao anunciar que faria jejum e orações durante o julgamento do habeas corpus de Lula. Em entrevista à rádio “Jovem Pan”, ele rebateu as críticas de internautas que discordaram da mistura entre religião e política.
“Expressar sua fé faz parte da liberdade religiosa e de expressão. Promotor, procurador não deixa de ser cidadão. Me expressei em rede social pessoal”, destacou Deltan, que se identifica como “seguidor de Jesus” em sua conta no Twitter.
Procurado pelo O GLOBO, a assessoria de imprensa do MPF do Paraná informou que não irá se pronunciar.
Fonte: O Globo