Representação do que seria um peixe configuraria uma prova de que o ossuário onde ele está gravado pertenceu a um cristão.

Para quem estuda as origens do cristianismo, qualquer registro produzido durante ou próximo da passagem de Jesus Cristo pela Terra [img align=left width=300]http://content-portal.istoe.com.br/istoeimagens/imagens/mi_4585703697859598.jpg[/img]vale ouro. Além de raros, esses documentos, muitas vezes feitos por quem conviveu com o messias, têm importância histórica sem igual. Nesse sentido, fica fácil entender o rebuliço causado pelo anúncio, na semana passada, da descoberta do que seriam os primeiros desenhos e escritos cristãos, datados do ano 70 d.C. Encontrados por uma equipe de estudiosos da religião em uma catacumba debaixo de um condomínio de prédios de Jerusalém, os achados surpreenderam a todos. “Até a gente teve dificuldade em acreditar que havia feito essa descoberta”, diz Simcha Jacobovici, coordenador da empreitada, documentarista e professor na Universidade Huntington, nos Estados Unidos. “Mas as evidências que estavam diante de nós eram fortes demais.”

Dois objetos são o centro das atenções do achado – um ossuário gravado com um desenho que seria de um peixe, símbolo que imperou como representação gráfica do cristianismo em seu início, e uma pedra com inscrições na língua grega que poderiam ser traduzidas como “Divino Javé, ascenda”. Segundo a equipe de Jacobovici, a imagem do peixe seria a mais reveladora, já que ela seria uma referência à história de Jonas, tida como uma alegoria da ressurreição de Cristo, um dos pilares do cristianismo. Dado como morto ao ser engolido por uma baleia, Jonas surgiu vivo três dias depois, como Jesus emergiu de seu sepulcro.

Mas as sugestões espetaculares da equipe de Jacobovici, que trabalhou com a ajuda de um braço mecânico para chegar às catacumbas, não convence a todos. A comunidade arqueológica, em especial, tem se mostrado bastante cética. “Ninguém garante que o desenho seja de um peixe, muito menos que esse peixe represente a história de Jonas”, afirma Rodrigo Pereira da Silva, arqueólogo e doutor em teologia bíblica. “Há dúvidas também quanto à tradução do que dizem as inscrições.” O histórico de Jacobovici e sua equipe também não ajuda. Em 2007, o professor anunciou, com alarde, a descoberta do suposto ossuário de Jesus, o que foi prontamente rebatido por arqueólogos e logo identificado como uma ação de marketing para o lançamento de um livro e um documentário no mesmo ano. Curiosamente, um livro e um documentário estão previstos para acompanhar essa nova descoberta. “Para chegar às conclusões a que eles chegaram, esse material ainda precisa ser muito estudado”, resume Silva.

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[b]Fonte: Revista IstoÉ[/b]

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