O piloto do voo 1549 da companhia aérea americana US Airways foi ao microfone e disse aos passageiros: “Ponham o cinto e preparem-se para impacto”. Alguns ligaram o celular para que seus corpos pudessem ser localizados. Outros refletiram sobre suas vidas. Cerca de 20 segundos depois, o avião bateria contra a água.
A rede de notícias CNN publicou hoje em seu website declarações de passageiros do avião que fez um pouso forçado no rio Hudson em Nova York, nos Estados Unidos, nesta quinta-feira (15) após suas turbinas pararem de funcionar.
“Ele é o cara (…) se você quer falar com um herói, fale com ele”, falou Vince Spera. Ele descreveu o momento do impacto como similar ao que acontece “quando você está num barco veloz e atinge uma onda, voa e atinge a água de novo”. “Não foi um impacto tão ruim, o que foi esquisito. E no final não houve muitos gritos. A saída do avião foi razoavelmente organizada.”
A passageira Valerie Collins disse que, quando o piloto anunciou o pouso forçado, ela pegou o celular e enviou uma mensagem de texto para o marido, “meu avião está caindo”. “Eu queria que ele soubesse que eu estava pensando nele (…) e que, se o pior acontecesse, ele não tivesse que ficar tentando descobrir se eu estava no avião ou não”.
Collins também descreveu os problemas enfrentados pela comissária de bordo. “Ela tentou abrir ambas as portas traseiras, mas não conseguia por causa da pressão da água. Mas elas abriram o suficiente para que a água começasse a entrar. De repente ela disse: ‘Nós estamos na água, movam-se para as asas’. E ela olhou pra mim e disse: ‘Nós temos dois minutos'”.
“Estávamos todos esperando para ver como iríamos morrer. Foi muito estranho”, declarou Carl Bazariane. Sobre o momento do pouso, ele disse: “Normalmente, em momentos como esse, você esperaria um caos. Ficou tudo muito quieto e ninguém disse nada. Uma criança estava chorando.”
Com a água fria do rio, Joe Hart disse que “em poucos segundos, sua pernas estavam dormentes”. A passageira Jeff Kolodjay declarou que o avião “começou a encher-se de água muito rápido” e que isso foi assustador.
Fred Berretta diz ter pensado que o avião “capotaria e que se partiria”. “Mas foi um ótimo pouso”, complementou. O passageiro Andrew Jamison se limitou a dizer: “Deus estava certamente olhando por todos nós”.
Acidente
Segundo as investigações da Aviação Civil Americana (FAA, sigla em inglês), o acidente que aconteceu minutos após a decolagem do Airbus do aeroporto de La Guardia, foi provocado por uma colisão com pássaros.
O avião decolou com destino a Charlotte (Carolina do Norte), e os dois motores pararam, um deles aparentemente em chamas. No momento, o piloto pediu aos passageiros que apertassem os cintos e se preparassem para o impacto. “O avião ficou em silêncio. As pessoas começaram a rezar”, disse Fred Baretta, um sobrevivente entrevistado pela rede de TV americana CNN.
O piloto, Chesley Sullenberger, conseguiu, apesar de nervoso, pensar numa estratégia, controlar avião e conduzir manobrar o avião no rio, evitando assim uma catástrofe em plena cidade. Enquanto o avião começava a afundar na água, a equipe de bordo conseguiu tirar os 150 passageiros, logo em seguida resgatados por barcos que navegavam no Hudson e correram para ajudar no resgate.
As imagens espetaculares do socorro mostram alguns dos passageiros esperando sobre uma das asas do avião, ao nível da água, e subindo nos barcos. Na quinta-feira, a temperatura do ar em Nova York era de 7ºC negativos e a da água, 6ºC.
Fonte: Folha Online