Dilma tinha 49% entre os eleitores evangélicos no final de agosto. No dia 23 de setembro, caiu para 42%, Serra saltou de 21% para 31%.
Dilma Rousseff (PT) perdeu votos particularmente entre os eleitores evangélicos durante o mês de setembro e, no mesmo período, sua rejeição nessa parcela do eleitorado aumentou mais de 50%.
Segundo pesquisas do Ibope, Dilma tinha 49% entre os eleitores evangélicos no final de agosto. No dia 23 de setembro, caiu para 42%, abaixo dos 50% que o instituto registrou para ela no total da população. E sua rejeição nesse segmento, que era de 17%, subiu para 28%.
José Serra (PSDB) e Marina Silva (PV) se beneficiaram com esse deslocamento.
A intenção de voto do tucano entre os evangélicos saltou de 21%, no dia 26 de agosto, para 31% em 23 de setembro (tinha 28% no total da população, segundo o Ibope). Marina, por sua vez, passou de 13% para 18%, contra 12% no total.
De acordo com o levantamento do Ibope, os evangélicos representam 20% do eleitorado brasileiro. Isso significa que os sete pontos perdidos por Dilma nesse segmento representam 1,4 ponto no total da população (margem de erro de dois pontos).
Em uma eleição como a deste ano, pequenas oscilações podem definir se haverá ou não segundo turno. Por essa razão, Dilma convocou reunião de emergência com líderes religiosos para tentar estancar a sangria eleitoral.
Segundo o sociólogo Antônio Flávio Pierucci, da USP, é preciso cuidado ao afirmar que se trata de um “voto evangélico”. Ele, assim como outros especialistas ouvidos, dizem que a religião nunca foi uma variável importante para o eleitor.
Pierucci conduz pesquisa em igrejas evangélicas e afirma que há uma campanha radical contra Dilma. Mas ele diz que as razões espirituais não são tão importantes.
“Existe um discurso quase mitológico que procura demonizar Dilma. Há um medo, a meu ver infundado, de que seu governo venha a restringir os meios de comunicação, que são o oxigênio do crescimento dessas igrejas”, diz Pierucci.
[b]2º turno
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Com 99,99% dos votos apurados, a petista ficou com 46,90% (47,6 milhões) dos votos válidos e o tucano 32,61% (33,1 milhões).
Dilma Rousseff (PT), 62, e José Serra (PSDB), 68, irão disputar o segundo turno da eleição presidencial no dia 31 de outubro.
Marina Silva (PV) teve 19,33% dos votos válidos (19,6 milhões), votação que foi decisiva para o segundo turno.
O apoio de Marina deve ser decisivo na eleição. Apesar disso, sua tendência é de neutralidade, enquanto o PV deve apoiar o tucano. O Datafolha mostrou na semana passada que 51% dos eleitores da candidata verde se dizem inclinados a votar em Serra no segundo turno.
[b]Discursos[/b]
Dilma afirmou neste domingo que está confiante na vitória no segundo turno. Segundo a petista, os motivos são a expressiva votação registrada hoje e o desempenho que a base do presidente Lula costuma apresentar nessa outra etapa.
A candidata disse que o PT é acostumado a desafios.
“Somos bastante guerreiros, acostumados a desafios e somos de chegada. Tradicionalmente, a gente tem desempenhado muito bem no segundo turno.”
Dilma fez um “agradecimento especial” à militância “aguerrida” do PT e dos dez partidos aliados de sua coligação, mas não citou diretamente o presidente Lula.
Durante a entrevista, a candidata insinuou que a votação da adversária Marina Silva (PV) foi que provocou o segundo turno. No início de sua fala, Dilma cumprimentou seus concorrentes e fez questão de pausar a frase para se referir à candidata verde “pelo desempenho” que teve na eleição. Na coordenação da campanha, a chamada onda verde é apontada como um dos principais motivos da disputa presidencial ter continuidade.
Em seu primeiro pronunciamento depois do primeiro turno, o candidato do PSDB à Presidência, José Serra, fez um afago na candidata do PV, Marina Silva, em cujo apoio está interessado.
“Eu queria me congratular com Marina Silva pela votação expressiva. Ela contribuiu com o jogo democrático do Brasil”, afirmou Serra, em São Paulo.
Ele elogiou a candidatura de Marina pela capacidade de atrair participação dos jovens na vida política.
O tucano também fez um gesto em direção ao ex-governador de Minas e senador eleito, Aécio Neves (PSDB).
Desde a metade de setembro, a pesquisa Datafolha mostrou uma trajetória lenta e declinante. A petista enfrentou dois escândalos no final da campanha –quebra de sigilo de pessoas ligadas ao PSDB e o caso de tráfico de influência na Casa Civil.
O tucano se recuperou principalmente em suas bases eleitorais, como São Paulo, e recebeu 33%, quase dez pontos a mais que os 23,2% obtidos por ele em 2002.
A petista sofreu também rejeição de parte dos eleitores evangélicos e católicos por conta de boatos sobre sua fé e de controvérsia sobre sua posição em relação ao aborto.
Em 2007, se declarou a favor da descriminalização e agora afirma ser pessoalmente contra o aborto.
[b]Fonte: Folha Online
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