Sem nunca ter ocupado um cargo eletivo, a ex-ministra da Casa Civil Dilma Rousseff transformou-se neste domingo na primeira mulher presidente do Brasil.

Dilma foi confirmada a vencedora da disputa mais agressiva das últimas décadas às 20h04, quando a apuração feita pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contava 91,2% dos votos apurados. Naquele momento, a petista registrava 55,3% dos votos válidos, contra 44,6% contabilizados pelo adversário, o tucano José Serra.

Em sua primeira declaração depois do resultado das urnas, Dilma agradeceu aos eleitores que lhe dedicaram o voto. “Estou muito feliz e agradeço aos brasileiros e brasileiras. Vou honrar esta confiança que recebi”, afirmou, em uma rápida declaração dada pela janela do carro, em Brasília.

No primeiro discurso, Dilma emocionou-se ao agradecer ao presidente Lula. Com a voz embargada, a petista disse que vai buscar a ajuda de Lula sempre que julgar necessário. “Baterei muito à sua porta e tenho certeza e confiança que a encontrarei sempre aberta”, afirmou a petista, sob aplausos da plateia de militantes petistas que participou da festa organizada em um hotel em Brasília. “Sei que a distância do cargo nada representa para um homem de tamanha grandeza e generosidade”, emendou. Segundo Dilma, a tarefa de suceder a Lula é “difícil e desafiadora”.

Dilma viu sua candidatura ser construída passo a passo pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Desde que foi escalada para a tarefa, a petista mudou o jeito de falar, a maneira como se relaciona com aliados e o jeito de se vestir. Por todo o período em que integrou a equipe de governo de Lula – seja na equipe de transição, no Ministério de Minas e Energia ou na Casa Civil –, Dilma carregou consigo a fama de durona. Aos poucos, caiu nas graças do presidente e acabou furando a fila no PT para concorrer ao cargo mais alto do País.

Ao assumir o governo em 1º de janeiro, Dilma transformará o PT no primeiro partido a permanecer no governo por mais de oito anos desde a redemocratização. Ainda assim, a primeira mulher presidente do País enfrentará desafios políticos, econômicos e sociais. Entre eles, o reajuste fiscal, as reformas política, econômica e tributária, a melhoria na qualidade de ensino e da saúde.

Ainda entre os desafios mais importantes está o de montar um governo próprio, que a tire da sombra de seu padrinho político. Dilma terá de acomodar as forças políticas que ajudaram a levá-la ao Palácio do Planalto, de forma a assegurar a governabilidade de sua administração. A tarefa, em parte, será facilitada pela maioria inédita que conquistou no Congresso, um reflexo da estratégia desenhada por Lula de abrir mão das disputas em alguns Estados para assegurar uma coalizão forte para sua sucessora.

Vencedora nas urnas, Dilma leva consigo o PMDB, que agora entra no governo pela porta da frente. A relação com o partido aliado, no entanto, já consta no topo da lista de preocupações do PT. O partido de Lula, que comemora o crescimento nestas eleições, tentará manter o protagonismo no governo, ao mesmo tempo em que assistirá a um rearranjo de suas forças internas.

É na oposição, entretanto, que as mudanças serão mais profundas. Derrotado nas urnas, o ex-governador de São Paulo José Serra agora terá que decidir seu futuro político – a lista de alternativas, por enquanto, inclui desde a disputa pela prefeitura paulistana em 2012 até uma temporada de estudos no exterior. Junto com ele, PSDB, assim como o aliado DEM, terão de buscar uma nova fórmula para se firmar na dianteira da oposição. Nesse processo, tendem a ganhar projeção nomes como o do senador eleito por Minas Aécio Neves ou o governador eleito de São Paulo Geraldo Alckmin.

[b]Fonte: iG[/b]

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