Políticos e farmacêuticos da Itália reagiram com indignação, na terça-feira, a um apelo feito pelo papa Bento 16 para que farmacêuticos se recusassem a vender remédios tais como a “pílula do dia seguinte” caso alimentassem objeções morais a esse tipo de substância.
Na segunda-feira, durante uma conferência internacional, o papa afirmou que os farmacêuticos deveriam ter o direito de exercer uma objeção de consciência no caso de o medicamento a ser vendido interromper a gravidez, provocar aborto ou contribuir para a eutanásia.
A ministra da Saúde italiana, Livia Turco, afirmou que, apesar de Bento 16 ter o direito de conclamar os jovens a serem responsáveis quanto à vida sexual deles, não poderia determinar a profissionais como os farmacêuticos o que fazer.
“Não acredito que esse alerta para que os farmacêuticos sejam críticos conscientes da pílula do dia seguinte deva ser levado a sério”, afirmou a ministra ao jornal Corriere della Sera.
O pontífice não mencionou nenhum medicamento específico, mas parecia referir-se à pílula do dia seguinte. Na Itália, o remédio só pode ser comprado com prescrição médica.
O papa também se referiu ao RU-486, a chamada pílula do aborto, que está disponível em alguns hospitais italianos em caráter experimental. O medicamento bloqueia a ação de alguns hormônios necessários para manter o óvulo fertilizado ligado à parede do útero.
Franco Caprini, chefe do grupo de farmacêuticos Federfarma, disse que, pela lei, os farmacêuticos são obrigados a vender os remédios prescritos por um médico.
“Não podemos fazer uma objeção de consciência se a lei não for alterada”, afirmou.
Apesar de alguns políticos terem defendido o direito do papa de externar a opinião dele e o direito dos farmacêuticos de rejeitarem conscientemente determinados medicamentos, outros criticaram-no.
“A conclamação do papa para que os farmacêuticos recusem-se a vender a pílula do dia seguinte significa uma interferência bastante grande na política e na vida italianas”, disse Lidia Menapace, senadora do partido Refundação Comunista.
A Igreja Católica ensina que os métodos contraceptivos artificiais, o aborto e a eutanásia são um pecado. Segundo o Vaticano, nada deveria bloquear a eventual continuação da vida, que, segundo defende, começa na concepção e termina com a morte natural.
Papa Bento XVI diz que é dever de um bom cristão pagar os impostos
O Papa Bento XVI disse hoje durante a audiência geral que é dever de um bom cristão pagar seus impostos, por mais que sejam “desagradáveis e onerosos”, ao citar um dos pensamentos de São Máximo de Turim.
A audiência pública de hoje foi dedicada ao bispo do século V Máximo de Turim, defensor da “relação profunda entre os deveres do cristão e os do cidadão”.
O Papa citou São Máximo de Turim e disse que “viver a vida cristã significa assumir os empenhos civis”, e que, por isso, o bispo “trabalhava para despertar nos fiéis o amor por sua pátria cidadã e exaltava também o precioso dever de enfrentar os impostos fiscais, por mais que pareçam desagradáveis e onerosos”.
“Embora as condições tenham mudado, os deveres dos fiéis para com sua cidade e pátria sempre serão válidos”, ressaltou o Pontífice.
“A ligação entre os empenhos de um honesto cidadão com os do bom cristão não termina nunca”, acrescentou.
Ele destacou ainda que “a fé não afasta o cristão das tarefas temporárias, mas, ao contrário, como já indicou o Concílio Vaticano II, obriga ao seu perfeito cumprimento, segundo a vocação pessoal de cada um”.
No final da audiência, Bento XVI foi presenteado com um trator da “New Holland”, da automobilística Fiat, que foi entregue pelo executivo-chefe da companhia italiana, Sergio Marchionne.
O veículo, completamente branco e com o escudo papal, servirá para transferir a plataforma móvel, de 17 toneladas, usada pelo Papa nas audiências gerais das quartas-feiras na Praça São Pedro.
Fonte: Reuters e EFE