A “distribuição desigual” de alimentos é o grande obstáculo para o combate à fome na América Latina, segundo os participantes de um fórum parlamentar sobre a questão que terminou nesta sexta-feira em São Paulo.

“É inconcebível ter na região grandes países produtores de alimentos com fome. Temos que passar das palavras para os fatos com um mecanismo de diálogo político e de soluções”, disse o deputado uruguaio José Carlos Cardoso no Fórum da Frente Parlamentar contra a Fome.

Segundo o legislador, a distribuição igualitária de alimentos deve começar nas escolas públicas, mas reconheceu que a falta de estrutura escolar em muitos países da região dificulta a tarefa.

Cardoso explicou à Agência Efe que, no Uruguai, as escolas públicas são “o pilar para garantir a segurança alimentar”. O deputado lamentou que em outros países, como a Guatemala, parte da população ainda não tenha acesso à escola.

Nesse sentido, o congressista uruguaio citou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que disse na última assembleia da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO, na sigla em inglês), que os pobres precisam ter capacidade de comprar para poder combater a fome.

Segundo dados da FAO, que foi uma das organizadoras da reunião em São Paulo, nos últimos anos, o número de pessoas que passam fome na América Latina e no Caribe passou de 47 milhões para 51 milhões, uma situação agravada pela crise econômica mundial.

O coordenador da Iniciativa América Latina e Caribe sem Fome da FAO, Juan Carlos García Cebolla, declarou à Efe que os congressistas devem ajudar a articular a cooperação regional para lutar contra a fome.

“Temos que criar mecanismos para facilitar o diálogo entre congressistas e outros atores. São processos longos construídos pelas partes e nos quais a FAO é apenas um agente facilitador”, apontou.

Parlamentares latino-americanos e representantes da sociedade civil que analisaram no fórum as possíveis medidas para combater a fome na região consideram que os orçamentos nacionais devem ter entre suas prioridades o combate à desnutrição crônica infantil.

Fonte: EFeE/b>

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