O Egito reforçou nesta segunda-feira as medidas de segurança nas igrejas do país depois que a Al-Qaeda atacou um templo cristão em Bagdá.
Fontes policiais no Egito disseram à agência EFE que foi intensificada a segurança ao redor de todas as igrejas coptas do país e está proibido o estacionamento de qualquer veículo diante dos templos.
Apesar da tensão, a normalidade reinou nas igrejas do Cairo na manhã desta segunda-feira, como pôde constatar a EFE.
O conglomerado de grupos terroristas denominado Estado Islâmico do Iraque, vinculado à Al-Qaeda, assumiu a autoria do ataque da noite de domingo, que teve como alvo a igreja de Sayida An Nayá (Nossa Senhora do Socorro, em árabe), localizada no bairro central de Al Karrada.
Pelo menos 58 pessoas – a maioria mulheres e crianças – morreram no ataque armado e na posterior operação para libertar os reféns presos pelos insurgentes no interior do templo, segundo fontes policiais iraquianas.
As fontes indicaram que as vítimas, entre as quais há 75 feridos, ocorreram durante os enfrentamentos entre os agentes da polícia antiterrorista e os rebeldes.
A maior parte dos mortos são fiéis que se encontravam no templo, embora haja também dez membros das forças de segurança, cinco homens armados e dois sacerdotes.
Em sua mensagem, o Estado Islâmico do Iraque explica que o atentado foi perpetrado contra “uma das fortificações da apostasia” que os cristãos do Iraque “tomam como sede para a guerra contra o islamismo”.
Na nota, que leva o título de “Advertência e prazo à igreja egípcia” cristã, o grupo se dirige também à Igreja copta, a qual dá um prazo de 48 horas para libertar seus “irmãos na religião, detidas nas prisões dos mosteiros e nas igrejas da infidelidade no Egito”.
Essas exigências parecem estar relacionadas com uma recente polêmica suscitada no Egito pela suposta conversão, mais tarde desmentida, de uma cristã ao islã, identificada como Camilia Shehata.
Camilia se refugiou ou foi retida em um mosteiro, segundo as distintas versões, o que suscitou protestos da maioria muçulmana do país, que reivindica que a Igreja a liberte.
Em outra mensagem – desta vez de áudio – da Al-Qaeda no Iraque divulgada também nesta segunda-feira em sites islâmicos, o grupo faz menção explícita a Shehata e a outra compatriota sua, Wafaa Qustantin, uma engenheira copta supostamente forçada a se converter ao islã em dezembro de 2004.
A Al-Qaeda instou o Vaticano a pressionar as igrejas do Oriente Médio para que as supostas convertidas sejam postas em liberdade.
Embora não tenha referido-se a este pedido, o papa Bento XVI condenou nesta segunda-feira o massacre ocorrido na igreja sírio-católica de Bagdá, que qualificou de “absurdo” e “feroz” por atacar pessoas desarmadas.
“Diante dos fatos cruéis que continuam atingindo a população do Oriente Médio, queria renovar minha chamada por essa ansiada paz: que é um dom de Deus, mas também resultado dos esforços dos homens de boa vontade, das instituições nacionais e internacionais”, ressaltou.
O papa pediu aos agentes políticos e às instituições “que unam suas forças para acabar com qualquer tipo de violência”.
Por enquanto, a Igreja copta não reagiu oficialmente às mensagens da Al-Qaeda, embora alguns ativistas cristãos egípcios estejam indignados.
“A mensagem da Al-Qaeda e o assassinato dos cristãos do Iraque fazem parte de uma campanha terrorista organizada contra os cristãos no mundo todo”, disse à Efe o ativista copta Najib Gibrael.
Gibrael, também chefe da ONG União Egípcia dos Direitos Humanos, insiste que os responsáveis das igrejas do Oriente Médio e os dirigentes muçulmanos devem realizar reuniões urgentes para estudar como podem proteger os cristãos.
“Esta campanha contra os cristãos não é a primeira”, acrescentou o ativista, que lembrou a morte de oito cristãos no Natal passado pelos disparos de homens armados quando saíam de uma igreja no sul do Egito após assistir à Missa do Galo.
[b]Fonte: Terra[/b]