O pastor Everson Marcos, candidato do PSDB à Câmara de São Paulo, estima obter cerca de 160 votos por congregação visitada. “Entre ministrações e visitas, pretendo ir à 400 igrejas até o final da campanha”, diz.

De acordo com sua estimativa, isso renderia algo em torno de 64 mil votos, o suficiente para que ele se eleja –em 2008 um candidato precisou de 25 mil votos em média para conseguir uma vaga na câmara.

Por semana, Everson ministra cerca de dez cultos. “As ovelhas ouvem o pastor”, diz. “Só peço votos diretamente na minha congregação, mas procuro me aproximar dos sacerdotes de outras igrejas, e eles acabam pedindo votos para mim.”

Em 2008, Everson foi candidato e recebeu 16 mil votos, a maioria deles no distrito de Cachoeirinha, na zona norte de São Paulo, onde realiza a maioria de suas atividades como sacerdote.

A prática de pedir votos em cultos religiosos não é proibida pela Justiça Eleitoral, desde que respeitado o prazo do início da campanha, dia 6 de julho.

[b]’Profetinha’ na saída do culto
[/b]
“Na nossa igreja é bem aberto. Temos base bíblica para ensinar nossos membros, temos credibilidade para orientá-los. Faço campanha abertamente na minha igreja. Somos uma família”, diz a missionária Edilaine Pires, da Catedral da Benção, que disputa pela primeira vez uma vaga na câmara pelo PSDB –ela se filiou no final de 2011, com o intuito de se candidatar este ano.

Segundo ela, algumas congregações, no entanto, não enxergam com bons olhos a prática de propaganda eleitoral dentro da igreja. “Existem correntes evangélicas que ainda têm uma visão muito estreita da política”, afirma. Nesses casos, Edilaine diz que distribui o seu “profetinha [como é chamado pelos evangélicos o santinho de campanha]” na saída dos cultos.

[b]Comício na igreja
[/b]
“Eu acho que o pastor candidato deveria afastar-se do cargo de sacerdote para fazer campanha”, diz o vereador paulistano Carlos Apolinário (DEM), membro da bancada evangélica da câmara e ligado à Assembleia de Deus. “Quando deixar de ser político volta a ser pastor.”

Para Apolinário, pedir votos durante o culto é ruim para a congregação. “Tem frequentador de todas as legendas lá dentro [da igreja]. E muito evangélico fica ofendido de ver o pastor falando de política, defendendo esse ou aquele candidato.”

Bispo Gê, presidente da Igreja Renascer em Cristo e ex-deputado federal e estadual, diz não achar “que o altar deva ser usado para a política”. “Na minha igreja nunca precisei pedir voto, porque sabendo que sou candidato, os fiéis votavam em mim porque me conheciam, sabiam do meu trabalho, e podiam escolher me apoiar ou não.”

No entanto, ele afirma que “a politica é uma ferramenta importante para o homem, e sendo assim, ela precisa permear todas as áreas”. “E a religião tem um aspecto político. Quem professa uma fé também é um cidadão, que precisa de alguém que defenda seu dogma e sua visão religiosa.”

Daniel Sottomaior, presidente da Atea (Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos), defende uma regulamentação da atividade dos sacerdotes durante a campanha.

“Um ministro ou secretário que vai se candidatar, por exemplo, precisa respeitar um prazo de desincompatibilização do cargo, exigido pela Justiça Eleitoral, e se afastar das suas atividades para poder fazer campanha. Acho que um pastor deveria estar sujeito a um controle semelhante.”

[b]Bancada evangélica
[/b]
Atualmente a bancada evangélica na Câmara de São Paulo conta com seis vereadores –11% do total. São eles: Atílio Francisco (PRB), Souza Santos (PSD), Noemi Nonato (PSB), Marta Costa (PSD), David Soares (PSD) e Apolinário. Com exceção do último, todos os demais tentarão se reeleger neste ano.

Alguns vão contar com o empenho dos pais para arrematar votos na corrida eleitoral. É o caso da parlamentar Marta Costa (PSD), filha do pastor José Wellington Bezerra da Costa, líder da Assembleia de Deus, e David Soares (PSD) filho de R.R. Soares, da Igreja Internacional da Graça.

[b]Fonte: UOL[/b]

Comentários