Líderes de igrejas evangélicas e partidos ligados a elas estão traçando uma estratégia para aumentar o número de políticos nas eleições gerais deste ano. A ideia é passar de 93 deputados para 150, e de três senadores para 15, segundo o jornal Valor Econômico.
Partidos políticos estão de olho no voto desse grupo religioso, que representa quase 30% da população brasileira, lançando nomes que possam atrair os eleitores.
No Senado, a estratégia é lançar apenas um candidato por Estado, evitando que dois candidatos evangélicos concorram entre si. No caso de São Paulo, o nome seria o do deputado federal pastor Marco Feliciano, que pretende se candidatar a uma vaga no Senado.
“Meu sonho é o Senado. Mas, se não houver uma boa articulação [entre as igrejas], não vou trocar o certo pelo duvidoso”, diz Feliciano, que foi eleito para a Câmara em 2014 com 398.087 votos, o terceiro mais votado em São Paulo.
No Estado do Pará, o vice-governador Zequinha anunciou pré-candidatura ao Senado pelo PSC. No Tocantins, o pastor João Campos de Abreu, ex-vereador de Palmas é cotado para disputar uma cadeira na Câmara dos Deputados. Já na Bahia, na Convenção Conemad-BA, declarou que irá apoiar o pastor Abílio Santana para deputado federal.
Neste ano, 54 cadeiras estarão em jogo no Senado, duas por Estado.
No caso da Câmara, a estratégia seria fazer uma espécie de “distritão evangélico”, com poucos candidatos em cada região para “concentrar” os votos em poucos nomes.
Segundo o jornal Valor Econômico, desde outubro um grupo de líderes evangélicos tem se encontrado para debater estratégias para aumentar a participação na política.
Entre os representantes estão pastores das igrejas batistas, Assembleia de Deus, Igreja Universal do Reino de Deus, Evangelho Quadrangular, Internacional da Graça de Deus, Ministério Internacional da Restauração, Fonte da Vida, Mundial do Poder de Deus, Sara Nossa Terra e outras.
O senador Magno Malta (PR-ES) e os deputados João Campos (PRB-GO), Sóstenes Cavalcanti (DEM-RJ) e Antônio Bulhões (PRB-SP) estariam articulando esses encontros, buscando apoio também de membros da Frente Parlamentar Mista Católica Apostólica Romana, como o deputado Givaldo Carimbão (PHS-AL), que têm agendas em comum com a dos evangélicos.
O bispo Robson Rodovalho, da Igreja Sara Nossa Terra, por meio da Confederação dos Conselhos de Pastores do Brasil (Concepab) também tem articulado esses encontros na esperança de ajudar a fortalecer a bancada religiosa. “Temos de 28% a 33% de representatividade na população, mas apenas 15% do Congresso”, declarou.
Se a estratégia der certo, os evangélicos pretendem puxar ainda mais uma agenda conservadora: antiaborto, contra liberação das drogas e do jogo, e em prol da família natural (homem e mulher).
É possível que dessa coordenação, surja o apoio a um candidato a presidente- algo mais provável em um eventual segundo turno. Na economia, a preferência dos líderes é pelo modelo que definem como liberal adotado no governo Michel Temer. Um desafio é conquistar o eleitor evangélico das regiões Norte e Nordeste, ainda muito fiel ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Fonte: Valor Econômico