A Assembleia de Deus está dividida. E esta divisão pode acirrar a disputa pelos milhões de votos evangélicos dessa denominação.
O pastor José Wellington foi o presidente da CGADB (Convenção Geral das Assembleias de Deus) de 1988 a 2017, tendo como uma das principais lideranças o pastor Samuel Câmara, presidente da Assembleia de Deus em Belém do Pará.
As eleições da CGADB sempre foram bastante disputadas entre os pastores José Wellington e Samuel Câmara, sendo muitas vezes decididas na justiça comum, como por exemplo, a última eleição em 2017 entre Samuel Câmara e José Wellington Junior.
Após perder várias eleições, mesmo recorrendo à justiça, o pastor Samuel Câmara resolveu se desligar da CGADB em novembro de 2017 ameaçando levar junto milhares de pastores para fundar uma nova convenção.
No início de dezembro de 2017, o pastor Samuel Câmara inaugura a CADB (Convenção da Assembleia de Deus no Brasil), no Templo Central da AD em Belém (PA), com mais de 10 mil pastores filiados, provocando assim, um racha na Assembleia de Deus.
Sob o comando do pastor Samuel Câmara já há 5 mil igrejas que eram do ministério Belém.
Essa divisão tem atraído presidenciáveis como Henrique Meirelles, Flavio Rocha e Jair Bolsonaro em busca de uma fatia desse eleitorado.
Quando ainda Ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, já pensando nas eleições deste ano, esteve na posse do pastor José Wellington Junior ao cargo de presidente da Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil (CGADB), em julho de 2017, evento que aconteceu em São Paulo e reuniu mais de 4.000 pastores.
Meirelles participou também, sempre em caráter pessoal, da festa de 106 anos da Assembleia de Deus, no Pará, em junho, foi ao aniversário de 85 anos de Manoel Ferreira, bispo primaz mundial das Assembleias de Deus, em Brasília, e participou da celebração ao centenário da igreja Assembleia de Deus no Amazonas.
Henrique Meirelles deixou o ministério da Fazenda para se filiar ao MDB e concorrer as eleições.
No ano passado, Jair Bolsonaro chegou a dizer que se filiaria ao PEN (Partido Ecológico Nacional), uma dissidência do PSC, vinculado à Assembleia de Deus, mas acabou se filiando ao PSL para disputar as eleições.
Bolsonaro vem recebendo apoio de alguns líderes evangélicos, entre eles, Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, que no final de março declarou que não terá outro candidato à presidência da República que conquistará mais o eleitorado evangélico que o deputado Jair Bolsonaro (PSL-RJ).
O empresário Flávio Rocha, dono das lojas Riachuelo, se filiou ao PRB para disputar as eleições presidenciais de 2018. Apesar de ser membro da igreja Sara Nossa Terra, Rocha também deve buscar apoio da Assembleia de Deus.