Uma comissão de entidades de mulheres entregava ao Ministério Público de Pernambuco (MPPE) uma representação para que sejam retirados de todos os espaços pertencentes à estrutura do Estado “símbolos, imagens, frases ou qualquer outra expressão de conotação religiosa”.
A solicitação baseia-se nos artigos 5 e 19 da Constituição Federal, que determinam que o Estado brasileiro é laico. Ou seja, não tem ligação direta com qualquer religião. No caso, o pedido das entidades se estende aos três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) em Pernambuco.
“Não estamos reagindo à visita do papa, até porque não especificamos nenhuma religião no documento que entregamos ao Ministério Público”, contou Ana Bosch, representante da Rede Feminista de Saúde na reunião desta tarde com o Procurador Geral do MPPE, Paulo Varejão.
“Mesmo assim, todo o panorama da chegada do maior líder católica ao Brasil tem um caráter fundamentalista, que atropela as outras religiões”, acredita.
Para Ana Bosch, os símbolos religiosos presentes em espaços públicos como escolas, delegacias e hospitais interferem de maneira ilegítima sobre as pessoas que professam credos diferentes ou não têm religião.
“Se você coloca o seu filho em uma escola pública e lá se ensina a religião católica, é uma interferência sobre a sua liberdade de escolha”, diz. “Se alguém vai a uma delegacia e, atrás do banco do delegado, tem um crucifixo, isso é uma forma de constrangimento para quem não é cristão”.
Na próxima semana, as entidades também vão encaminhar um outro documento à Assembléia Legislativa pedindo que os deputados regulamentem a questão, determinando a retirada dos símbolos religiosos dos espaços públicos.
Além da Rede Feminista de Saúde, fazem parte da iniciativa o Fórum de Mulheres de Pernambuco, Articulação de Mulheres Brasileiras, Liga Brasileira de Lésbicas, SOS Corpo, Grupo de Teatro Loucas de Pedra Lilás, Divas e Grupo Curumim.
Fonte: JC Online