A sogra de quem foi curada em Cafarnaum? O que Simão foi obrigado a fazer enquanto os soldados levavam Jesus ao Gólgota? Para responder a essas e a outras questões sobre religião, os alunos do oitavo ano do colégio Santo Américo, no Morumbi (zona oeste), brincam de um jogo chamado “Show do Biblião”.

Isso mesmo, um jogo inspirado no “Show do Milhão”, programa que foi exibido pelo SBT.

A brincadeira consiste em uma gincana. A sala, de cerca de 30 alunos, é dividida em grupos de cinco, que têm de responder às questões que aparecem no telão. Se um aluno souber a resposta, a equipe ganha dois pontos.

Passados cinco segundos, se ninguém responder, os grupos podem consultar a Bíblia. A professora então clica em um botão do computador e aparece no telão a dica: Mt 8, 14-15 (Mateus, capítulo oito, versículos 14 e 15). O aluno que escrever a resposta e levá-la primeiro até a professora ganha o ponto -um só, pois o grupo não sabia de cor.

“Normalmente, faço perguntas que levem os alunos à Bíblia mesmo, para que eles se familiarizem com ela”, diz a professora de religião da escola, Marina Brancher.
“Com o jogo, mostramos que religião é para ser alegre”, afirma Regina Célia Tocci Di Giuseppe, coordenadora de religião do Santo Américo. “Eles levam a atividade a sério e adoram.”

Pelo que a Folha pôde constatar ontem, adoram mesmo. “A gente aprende de um jeito mais leve”, diz a aluna Monique Artola, 14.

“A brincadeira de pedir ajuda à Bíblia ajuda a fixar as passagens”, afirma Regina. “É como quando não sabemos uma palavra e recorremos ao dicionário; fica muito mais difícil de esquecer”, diz. O ensino religioso é obrigatório no Santo Américo, escola católica, mas não reprova o aluno.

Quando pais de outras religiões ou sem religião vão matricular seus filhos, eles são informados sobre a aula. “Explicamos que a pessoa pode acreditar no que quiser, mas pode aprender o cristianismo como cultura geral”, afirma a coordenadora.

De acordo com o padre Edísio Carvalho da Silva, diretor arquidiocesano e coordenador de ensino religioso da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), a prática do jogo é “absolutamente positiva”. “Não há gincanas de português e de matemática? Por que não fazer uma gincana bíblica?”, indaga ele.

O padre diz que as escolas reduzem o tempo de aula tradicional de religião -em que o professor fala e os alunos ouvem- e aumentam o uso de recursos multimídia para motivar os estudantes e “fazer com que eles se envolvam com a religião”.

Para quem ficou curioso, eis as respostas das questões do primeiro parágrafo: a sogra de Pedro foi curada em Cafarnaum e Simão teve que carregar a cruz.

Fonte: Folha de São Paulo

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