Estopim da nova onda de protestos no mundo islâmico, o filme Inocência dos Muçulmanos retrata o profeta Maomé como um adúltero, bissexual, pedófilo e sanguinário.

Aparentemente, os 14 minutos postados na internet são um trailer de um longa-metragem de duas horas escrito, produzido e dirigido por um cidadão americano de origem israelense de 56 anos que usa o pseudônimo de Sam Bacile.

“Esse é um filme político”, afirmou Bacile à Associated Press. “Os EUA perderam muito dinheiro e muitas pessoas em guerras no Iraque e no Afeganistão, mas estamos lutando com ideias.” De acordo com a agência de notícias, o cineasta decidiu se esconder por temer represálias.

Para o jornal Wall Street Journal, Bacile foi mais direto. “O Islã é um câncer”, disse.

Em trechos disponíveis no YouTube, o profeta aparece tendo relações sexuais com várias mulheres. Para os muçulmanos, qualquer representação de Maomé é blasfêmia.

[b]Pastor Terry Jones
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Bacile recebeu apoio do pastor da Flórida Terry Jones, que ameaçou fazer uma fogueira de exemplares do Alcorão, enfurecendo multidões no mundo islâmico. Ontem, o chefe do Estado-Maior dos EUA, Michael Mullen, telefonou a Jones pedindo que ele mude de posição.

O Egito determinou a inclusão na lista de procurados do pastor americano e nove coptas (cristãos egípcios) que vivem nos EUA. Eles são acusados de participar ou promover o filme.

Sob ataque, a Igreja Copta condenou duramente o filme, dizendo que ele é uma tentativa de “difamar as religiões e dividir os povos, sobretudo o do Egito”.

Segundo os processos abertos pelo Ministério Público do Cairo, o vídeo no YouTube tem cenas que “propagam uma ideologia extremista com o objetivo de provocar a discórdia e o menosprezo às religiões monoteístas e danificar a união nacional e alterar a paz social”.

[b]Islamofobia[/b]

A comunidade islâmica americana e especialistas no mundo árabe temem que a morte do embaixador americano na Líbia, Christopher Stevens, leve a um aumento da islamofobia no Ocidente.

Quando as manifestações contra representações diplomáticas dos EUA em Benghazi e no Cairo começaram, na terça-feira, o Conselho das Relações Islâmico-Americanas (Cair) publicou nota na qual pedia ao mundo islâmico e árabe que “ignorasse os produtores extremistas que criaram uma porcaria de filme (Inocência dos Muçulmanos). Eles não representam a população americana ou a religião cristã”. Ontem o Cair, com outras entidades árabes e islâmicas dos EUA, reprovou a ação contra os diplomatas na Líbia.

Lamentando a morte dos diplomatas americanos, Samer Araabi, do Instituto Árabe-Americano, disse que a ação “fortalece a agenda dos islamofóbicos no país, que rapidamente usarão esses eventos como justificativa para pintar a fé islâmica como antiocidental e violenta”.

Segundo o líder muçulmano, “esses mesmos indivíduos têm um papel na criação desse conflito ao financiarem, produzirem e disseminarem o filme com o objetivo claro de incitar uma reação como essa”.

[b]Fonte: Estadão[/b]

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