Estudantes muçulmanos incendiaram duas vezes a capela de uma escola que havia sido reconstruída em agosto, após islâmicos a terem incendiado três anos atrás.

Em janeiro, estudantes islâmicos da Escola Secundária de Ciências do Governo em Kufena, na área de Wusasa, na cidade de Zaria, localizada no Estado de Kaduna, atearam fogo à Capela Adonai, que havia sido reconstruída no ano passado onde os cultos haviam recomeçado em setembro. A tentativa mais recente de atear fogo à capela foi em dezembro de 2006, que fracassou quando funcionários e alunos cristãos da escola apagaram o fogo.

O pastor Samuel Nuhu, professor e patrono da Associação de Estudantes Cristãos da escola, disse ao Compass que em 2004 estudantes muçulmanos atearam fogo à capela e atacaram estudantes cristãos, muitos dos quais ficaram feridos e foram hospitalizados. O ataque resultou na saída em massa de alunos cristãos da escola, disse ele.

“Em janeiro, estudantes muçulmanos tentaram atear fogo na capela novamente”, disse Nuhu. “As portas de madeira do escritório da capela foram queimadas. Nós tivemos que nos mobilizar para apagar o fogo”.

Nuhu disse que, antes da última tentativa de incêndio, duas cartas foram deixadas na capela alertando os estudantes e os funcionários cristãos da possibilidade do ataque se eles não deixassem a escola. A carta incluía comentários pejorativos sobre Jesus.

“O diretor reuniu os funcionários e os estudantes para alertá-los das conseqüências que levariam a escola a uma situação de crise”, disse Nuhu, “mas este aviso não foi considerado, então nós continuamos a receber ameaças dos muçulmanos”.

Funcionários da escola notificaram o Ministério da Educação do Estado de Kaduna sobre as ameaças aos funcionários e alunos cristãos – mas não houve resposta, disse ele.

“O diretor das Escolas Técnicas e de Ciências do Ministério da Educação recebeu o nosso relatório, e ele pessoalmente veio até aqui”, declarou Nuhu, “mas parece que as autoridades não foram úteis com relação às ameaças, pois elas não pararam”.

Aproximadamente mil estudantes freqüentam a Escola Secundária de Ciências do Governo, dos quais 300 são cristãos. Inicialmente uma escola cristã, a instituição tem 40 professores, incluindo 16 cristãos.

Foi informado que o diretor da escola, Alhaji Usman Pateh, estava fora da cidade no momento da visita à escola. Quando ele finalmente foi encontrado por telefone, Pateh se negou a falar sobre o assunto.

Bancos da igreja destruídos

O reverendo Tanko Ibrahim, capelão da escola, disse que ambos os incidentes foram relatados ao bispo anglicano de Wusana, o reverendo Buba Lamido.

A reconstrução da capela foi concluída em agosto do ano passado. Os bancos queimados no ataque de 2004, no entanto, haviam acabado de ser trocados, pois aproximadamente 400.000 naira (US$ 3.108) foram ofertados pelos estudantes para este propósito.

A Igreja da Nigéria (Comunhão Anglicana) fundou a escola com o nome de Escola São Paulo, mas ela foi tomada pelo governo nigeriano em 1973 sem nenhuma indenização. Quando o governo tomou a escola o número de estudantes e funcionários muçulmanos cresceu, o número de cristãos diminuiu e o nome foi mudado.

Kaduna é um dos 12 estados do norte da Nigéria que tiveram a sharia, lei islâmica, imposta.

A instauração da lei islâmica em Kaduna em 2000 contribuiu para o aumento dos conflitos religiosos em muitos lugares do estado. Kaduna é regido por dois sistemas legais, a sharia e o sistema legal “habitual” que atuam em concordância com as práticas animistas tradicionais – nenhum deles serve aos cristãos do Estado, afirmou um líder cristão.

Fonte: Portas Abertas

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