Os Estados Unidos criticaram o Iraque nesta terça-feira em seu relatório anual sobre violações de direitos humanos no mundo, embora tenham admitido que eles próprios não são perfeitos no quesito.

“Não divulgamos esses relatórios porque nos achamos perfeitos, mas porque sabemos que somos profundamente imperfeitos”, disse a secretária de Estado norte-americana, Condoleezza Rice, na divulgação oficial do documento. “Nosso sistema democrático de governo é eficiente, mas não é infalível.”

O Iraque foi considerado um dos países mais problemáticos no levantamento, relativo a 2006, por causa da ação dos esquadrões da morte, dos sequestros e da tortura.

Os EUA invadiram o Iraque em 2003 também por causa das violações aos direitos humanos cometidas pelo então presidente Saddam Hussein, mas o relatório do Departamento de Estado disse que o agravamento da violência com motivos sectários e do terrorismo anularam os progressos na área de direitos humanos.

“De um lado, grupos predominantemente árabes sunitas como a Al Qaeda no Iraque, remanescentes irreconciliáveis do regime baathista e insurgentes engajados numa guerra de guerrilhas fizeram uma oposição violenta ao governo e atacaram as comunidades xiitas”, afirmou o levantamento.

Mas o texto também ressaltou a atuação das milícias xiitas e forças de segurança ligadas a ministérios, que cometeram “tortura e outros abusos”.

China, Rússia, Afeganistão, Egito, Zimbábue, Sudão, Coréia do Norte, Mianmar, Cazaquistão e Irã foram citados como os países com violações mais graves. Sobre o Brasil também foi produzido um relatório, que critica integrantes das forças de segurança do país, que cometem “inúmeros e sérios” abusos, principalmente nas polícias estaduais.

Numa declaração incomum, o relatório disse que os EUA continuarão respondendo às preocupações de outros países sobre suas próprias violações dos direitos humanos.

“Reconhecemos que estamos escrevendo este relatório num momento em que nosso próprio histórico e as atitudes que tomamos para responder aos ataques terroristas vêm sendo questionadas”, disse o texto. “Também estamos comprometidos em melhorar constantemente.”

O relatório citou “prisões arbitrárias, matanças extrajudiciais, tortura e más condições carcerárias” no Afeganistão. O Paquistão também foi criticado.

Na China, foi mencionado o alto número de casos de destaque envolvendo a prisão e a perseguição de jornalistas e de ativistas religiosos. Na Rússia, as organizações não-governamentais sofreram restrições.

Os EUA classificam como genocídio o que está acontecendo na região de Darfur, no Sudão, há mais de dois anos, e o relatório disse que ele continua afetando o resto do país. “O governo sudanês e a milícia Janjaweed, apoiada pelo governo, são responsáveis pelo genocídio em Darfur, e todos os lados do enfrentamento cometeram graves violações”, afirmou o texto.

Como avanços, o levantamento citou a Libéria, onde tomou posse a primeira chefe de Estado mulher da África, além de Marrocos e Haiti.

Fonte: Reuters

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