A Suprema Corte de Utah (oeste dos Estados Unidos) ordenou um novo julgamento, ao anular, nesta terça-feira, a condenação a um guru da seita polígama mórmon Warren Jeffs, que havia forçado uma menina de 14 anos a se casar com seu primo.
Jeffs, de 54 anos, era o líder e o “profeta” autoproclamado da Igreja Fundamentalista de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (FLDS), braço dissidente da igreja mórmon.
Em 2007, ele foi condenado a 10 anos no total por duas acusações, uma delas por cumplicidade de estupro, e decidiu apelar, argumentando múltiplas falhas no processo contra ele.
“Embora não estejamos convencidos da maior parte dos argumentos de Warren Jeffs, chegamos à conclusão de que existiram falhas sérias” no processo, “que privaram (o acusado) de um processo justo ao qual tinha direito”, explicou a corte em sua decisão.
Por fim, “anulamos as condenações e ordenamos um novo processo”, acrescentou a decisão, da qual a AFP obteve uma cópia.
“Lamentamos as consequências que pode ter a nossa decisão sobre as vítimas (…), às quais não queremos causar um sofrimento adicional. No entanto, temos que nos assegurar de que as leis sejam aplicadas de forma equitativa e apropriada”, explicaram os juízes da Suprema Corte estadual.
Warren Jeffs foi detido em agosto de 2006 em Las Vegas (Nevada, oeste). Ele integrava a lista das dez pessoas mais procuradas pela Polícia Federal americana, o FBI.
Sua vítima, cuja identidade foi mantida em sigilo pela Justiça, afirmou durante o processo ter sido forçada a se casar com um primo mais velho.
A poligamia é ilegal nos Estados Unidos desde 1862 e foi abandonada pelos mórmons de Utah na década de 1890, quando este estado ainda não havia sido incorporado à federação como tal.
A FLDS separou-se do movimento mórmom especialmente por diferenças sobre este tema.
Por falta de meios e temor de uma catástrofe social, Utah renunciou a continuar com esta prática adotada entre adultos e de forma consentida.
As autoridades consideram que em Utah vivem 37.000 famílias polígamas, mas a Justiça se encarrega de punir delitos relacionados com a prática, entre eles os casamentos forçados.
[b]Fonte: AFP[/b]