O pastor Silas Malafaia (foto) celebrou a eleição de Cunha em fevereiro. Nesta sexta-feira, 21, disse que nunca apoiou o parlamentar.
Distância e cautela. Essas foram as principais reações das lideranças evangélicas ligadas ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), no dia seguinte à denúncia feita pela Procuradoria-Geral da República contra o parlamentar. Ontem, na igreja frequentada por Cunha e uma de suas bases no Rio, a Assembleia de Deus de Madureira, o Estado só encontrou três funcionários. Eles disseram que o presidente da congregação, Abner Ferreira, estava viajando. Ele é irmão de Samuel Ferreira, líder principal da igreja paulista acusada de receber dinheiro no esquema do qual Cunha faria parte.
O advogado da unidade carioca, pastor Orivaldo Prattis, admitiu que os indícios contra o deputado são fortes. Mas ressalvou que ainda não há sentença. “Ele ainda não foi condenado em nada. Por enquanto, há indícios e são fortes. Lógico que os indícios não deixam de ser preocupantes, mas enquanto não há sentença condenatória contra ele parte-se do princípio de que há inocência”, afirmou.
Para Prattis, a igreja não terá a imagem atingida. E, segundo o advogado, qualquer discussão sobre como fica o apoio a Cunha só será realizada quando o pastor Abner voltar. “Como homem público e político (o apoio continua) sim. Partimos do princípio de que ele sempre foi um bom gestor daquilo que lhe coube”, completou, ao ressalvar que a igreja não tolera ilegalidades.
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O pastor Silas Malafaia, presidente da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, celebrou a eleição de Cunha em fevereiro. Nesta sexta-feira, 21, disse que nunca apoiou o parlamentar. “Meu deputado no Rio todo mundo sabe que é Sóstenes Cavalcante. A única coisa que eu fiz foi, quando Eduardo ganhou para a presidência, como a petralhada me odeia, aí eu de sacanagem também botei: ‘Segura aí petralhas, Eduardo Cunha, agora vocês vão ver’ porque o Eduardo era contra a questão de PT”, afirmou.
Após a vitória de Cunha no início do ano, Malafaia congratulou o deputado pelo Twitter. “Parabéns ao novo presidente da Câmara, dep (sic) evangélico Eduardo Cunha, uma vitória espetacular, humilhou o governo e o PT. Vão ter q nos aturar (sic)”, escreveu.
Depois das denúncias da Procuradoria Geral da República contra Eduardo Cunha (PMDB), o pastor Silas Malafaia precisou usar seu Twitter para dizer que o deputado – eleito em fevereiro deste ano como Presidente da Câmara – não foi eleito em 2014 com apoio dele.
“Quando postei minha palavra de apoio a Cunha, foi por ele ter ganho a presidência da Câmara contra o PT. Só ver a data. Qual o problema? Repito novamente, nunca apoiei Cunha como candidato a deputado. O deputado que apoio é Sóstenes Cavalcante. Vibrei quando ele derrotou a petralhada e daí?”, explicar o pastor da Assembleia de Deus Vitória em Cristo.
Sobre as acusações que ligam Cunha ao esquema de corrupção investigado pela operação Lava Jato Malafaia questiona: “Por que o procurado Janot não denunciou Renan, Linderberg, Ciro, Humberto Costa e Mercadante, todos esses citados antes de Cunha na Lava Jato? Será que o procurador Janot não denunciou os senadores citados na Lava Jato antes do Cunha porque quer garantir os votos da sua indicação? Incrível”.
Mas nessa fala Silas Malafaia não pretende defender Cunha, apenas questionar os motivos da PGR em acusá-lo antes de mostrar provas contra os parlamentares ligados ao governo federal. “Vou repetir o que estou falando há muito tempo. Quem estiver devendo na lama da Lava Jato, que pague! Sem proteção de ninguém!”.
O pastor Everaldo Dias, ex-candidato à Presidência pelo PSC e membro da Assembleia de Deus, disse que a única avaliação que faz até o momento é sobre a quantidade de denúncias à Justiça. “Por que só eles dois foram denunciados até agora?”
Especialista em política e religião, o professor colaborador da Universidade Federal de São Carlos Paul Preston afirma que a reação dos fiéis em escândalos desse tipo costuma ser fragmentada. A maioria segue apoiando os líderes religiosos. “Isso não quer dizer que milhares e milhares de fiéis vão se revoltar ou se erguer contra o modelo usado de inserção política. Alguns reagem dessa forma, mas eu diria que a maior parte de alguma forma consegue continuar acreditando na qualidade da liderança eclesiástica”, diz Preston.
[b]Fonte: Diário do Litoral e Gospel Prime[/b]