O deputado Waldir Agnello (PTB), da bancada evangélica, pediu a cassação de mandato do deputado Carlos Gianazzi (PSOL), promotor do evento em que um transformista se exibiu para os deputados da frente parlamentar contra a discriminação no lançamento da Frente Parlamentar em Defesa da Comunidade Gay.

PT e PSDB – principais partidos de oposição e situação da Assembléia Legislativa paulista – vão ficar em lados opostos também na discussão sobre cassar ou não o mandato do deputado Carlos Gianazzi (PSOL), promotor do evento em que um transformista se exibiu para os deputados da frente parlamentar contra a discriminação.

O pedido foi apresentado por Waldir Agnello (PTB), que integra a bancada evangélica. O presidente da Assembléia, Vaz de Lima (PSDB), que também é ministro da Igreja Presbiteriana Independente do Brasil, ficou de analisar as imagens neste fim de semana para decidir se aceita ou não o pedido de cassação.

O líder do PT, Simão Pedro, disse que o principal partido de oposição vai defender Gianazzi. “Acho um exagero a cassação. Ele apenas organizou o evento e não teve controle sobre o que aconteceu”, afirmou. Para Simão Pedro, o ataque a Gianazzi é parte de uma ofensiva da bancada evangélica, que tem se colocado contra a votar na criação do Dia do Orgulho Gay e do Dia do Combate à Homofobia. “Eles se sentem agredidos, sentem repulsa pelo assunto”, afirmou.

O deputado Orlando Morando (PSDB), que apóia o movimento pela cassação de Gianazzi, afirma que a apresentação do travesti foi “uma vergonha” e acrescentou, ao ser informado da posição do PT: “O PT sempre foi ligado a esses movimentos. Eles só não conseguem dizer para quem eles acendem a vela. O partido sempre teve braços dentro da Igreja Católica, que condena esse tipo de comportamento.” Morando lança ainda uma provocação contra os que se opõem à cassação: “pode ser que tenha parlamentares que se sintam à vontade de apoiar por fazerem parte do movimento.”

Waldir Agnello apresentou ao presidente da Assembléia a questão de ordem contra Gianazzi baseado em uma suposta agressão verbal do parlamentar socialista contra os evangélicos. Vaz de Lima tem 60 dias para responder, mas deverá dar a resposta logo, de acordo com sua assessoria. Se a resposta for sim, abre-se o caminho para a representação ser remetida ao Conselho de Ética.

Em entrevista à rádio CBN, Waldir Agnello afirma que “não existe nenhuma atitude discriminatória ou homofóbica, mas sim a atitude de um pai de família de alguém que se sente muito à vontade para preservar a ética e a moral.” Gianazzi contra-ataca: “Foi uma volta à idade média, da luta em defesa da diversidade sexual. O Brasil hoje é campeão em crimes homofóbicos. Morrem cem pessoas por ano no Brasil. Que são mortas de forma muito violenta. Fora a discriminação que existe nos vários setores da sociedade. A Assembléia Legislativa tem de combater isso. Não pode reforçar.”

Acusado por Agnello de atentar contra o pudor ao permitir a exposição do travesti em trajes mínimos, Gianazzi nega a acusação e acrescenta que “o paulistano está acostumado a performances de transformistas como as que acontecem durante a parada gay. “Falta de decoro é corrupção, é envolvimento em atos ilícitos, em favorecimento pessoal. Talvez falte a ele o entendimento do que representa hoje essa grande luta e o que é hoje ser homosseuxal em um país preconceituoso. Ele tem de entender isso, que ele como parlamentar tem de sair em defesa das pessoas que são discriminadas. É uma obrigação constitucional.”

Integrante da direção da Igreja do Evangelho Quadrangular, Agnello teve aprovado projeto que revogou uma lei estadual de 2001 que punia com multa e até com feechamento estabelecimentos comerciais que discriminassem casais homossexuais. “Estamos trabalhando de forma ostensiva para que haja valorização da Assembléia de São Paulo.”

Fonte: G1

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