Um evento que será realizado no município de Jardim, em Mato Grosso do Sul, neste fim de semana de Páscoa, um dos principais do calendário católico, vai reunir, de uma vez só, duas correntes malquistas pelo Vaticano: o movimento mundial dos padres casados e a Associação das Famílias para a Unificação da Paz Mundial, do Reverendo Moon.

O ex-bispo da Igreja Católica africana Emmanuel Milingo, excomungado em setembro do ano passado pelo papa Bento 16, vai rezar uma missa na fazenda Nova Esperança, sede da Associação em Mato Grosso do Sul, com a previsão de participação de ex-sacerdotes do Estado que largaram a batina para se casar.e hoje fazem parte do movimento liderando por Milingo.

O bispo Milingo, de 76 anos, está no Brasil desde março, para uma turnê em que defende o fim do celibato. A visita acontece justamente no período em que os católicos se prepararam para a vinda do Papa Bento 16 ao País, em maio. Milingo participou em Brasília de um encontro de padres casados e chegou a celebrar a união de um ex-sacerdote, usando as vestes oficiais de bispo, apesar de não ter mais autorização para isso.

O religioso expulso da Igreja Católica Romana é casado há 7 anos com uma integrante da Associação de Moon, Maria Sung, numa cerimônia realizada pelo próprio reverendo. Na época, foi um escândalo para o Vaticano. O papa, na época João Paulo II, chamou Milingo até o Vaticano e ele ficou recluso durante 2 anos num monastério, de onde saiu para retomar a união. Milingo foi bispo de Lusaka, capital da Zâmbia.

Ele chegou a Campo Grande nesta quinta-feira de manhã e permanece no Estado até sábado, quando participa da missa na Fazenda Nova Esperança. A previsão dos organizadores é reunir mil pessoas. A associação religiosa de Moon está no Estado desde a década de 90. Na época da instalação, a Igreja Católica chegou a fazer uma campanha contra a vinda dos seguidores de Moon para o Estado.

Padres casados em MS

O apoio a Milingo no Estado também vem da Igreja Católica Apostólica Brasileira, na pessoa do ex-padre da igreja Romana Rooswelt de Sá Medeiros, ex-prefeito de Bonito, expulso da Igreja Católica em 2003, após ser condenado por tráfico de drogas. Roosvelt foi absolvido, posteriormente, mas não voltou à igreja, mesmo tendo anunciado à época que iria à Justiça para exigir a batina de volta.

Na conversa com a reportagem do Campo Grande News esta manhã, enquanto esperava o bispo africano desembarcar, o ex-padre criticou a Igreja Católica liderada pelo papa alemão e classificou de “pouca vergonha” a forma como ela conduz temas como o celibato e o uso de preservativo. “Nós defendemos o casamento monogâmico e a família”, pregou.

O ex-padre disse que no Estado, o movimento dos sacerdotes que decidiram contrair matrimônio já tem a adesão de pelo menos 7 religiosos. Usando uma camisa com um colarinho que lembra os utilizados pelos padres católicos romanos e um crucifixo no peito, Roosvelt estava acompanhando de vários representantes da nova denominação religiosa que segue agora.

A Igreja Católica Apostólica Brasileira foi fundada em 1945 pelo então bispo da Igreja Católica Apostólica Romana, dom Carlos Duarte Costa, que havia sido excomungado pelo Vaticano naquele ano. Nascida de uma dissência religiosa, afirma ter, hoje mais de 500 mil fiéis.

Fonte: Campo Grande News

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