A evolução não responde todas as perguntas do ser humano, em particular sobre o sentido da vida, considera Bento XVI.
A esta conclusão chegou ao responder à pergunta de um sacerdote sobre a crise de sentido entre os jovens, que em certas ocasiões termina com o suicídio, em um encontro com 400 presbíteros, em 24 de julho, em Auronzo, localidade dos Dolomitas.
“Em um primeiro momento, parece que não teríamos necessidade de Deus; mais ainda, que sem Deus estaríamos mais livres e o mundo seria maior. Mas depois de um certo tempo, em nossas novas gerações, vê-se o que acontece quando Deus desaparece”, respondeu o Papa.
“O grande problema é que se Deus não existe e não é o Criador de minha vida, na verdade a vida se converte em um simples pedaço da evolução, nada mais, não tem sentido por si mesma”, acrescentou.
“Pelo contrário, eu tenho que tentar dar um sentido a esse pedaço de ser”, explicou.
“Vejo que na Alemanha e nos Estados Unidos se dá um debate bastante duro entre o assim chamado ‘criacionismo’ e o evolucionismo, apresentados como se fossem alternativas que se excluem: quem crê no Criador não poderá pensar na evolução e, pelo contrário, quem afirma a evolução deveria excluir Deus.”
“Esta contraposição é um absurdo, pois por uma parte há muitas provas científicas e a favor de uma evolução que se apresenta como uma realidade que temos de ver e que enriquece nossa consciência da vida e do ser como tal.”
“Mas a doutrina da evolução não responde a todas estas perguntas e não responde, em particular, à grande pergunta filosófica: de onde vem tudo? Como se empreendeu todo um caminho que chega finalmente até o homem?”
“Parece-me muito importante”, explicou, “que a razão se abra mais, que certamente veja estes dados, mas que também veja que não são suficientes para explicar toda a realidade.”
“Não é suficiente, nossa razão é mais ampla e pode compreender também que nossa razão no fundo não é algo irracional, um produto da irracionalidade, mas a razão precede tudo, a razão criadora, e que somos realmente o reflexo da razão criadora.”
“Fomos concebidos e queridos e, portanto, há uma idéia que me precede, um sentido que me precede e que tenho de descobrir, seguir e que, em última instância, dá sentido à minha vida”, sublinhou.
Esta visão, declarou, é necessária para compreender também o sentido da dor.
“Neste sentido, diria que é importante fazer que os jovens descubram Deus, fazer que descubram o amor verdadeiro, que cresce precisamente na renúncia, e fazer que descubram também a bondade interior do sofrimento, que me torna maior e mais livre”, concluiu.
Fonte: Zenit