Um ex-membro do famoso coral de meninos de Ratisbona (sul da Alemanha), dirigido entre 1964 e 1994 pelo irmão do Papa Bento XVI, monsenhor Georg Ratzinger, relatou as violências que este era capaz de infligir em uma entrevista à revista Spiegel.

“Ratzinger era muito irritado e irascível durante os ensaios. Eu o vi muitas vezes jogar com raiva uma cadeira contra o coral de vozes masculinas ao qual eu pertencia”, conta Thomas Mayer, que foi interno entre 1988 e 1992.

“Uma vez a fúria era tanta que a dentadura dele saiu da boca”, relata Mayer na entrevista.

Georg Ratzinger admitiu há alguns dias, em entrevista a um jornal, ter dado “vários tapas” quando iniciou o trabalho como diretor.

Ele disse que sempre teve a “consciência pesada” pela atitude e que se sentiu “aliviado” com a aprovação de uma lei que proibia qualquer castigo corporal no início dos anos 80. O irmão do Papa afirma que cumpriu “estritamente” a lei a partir de então.

Na entrevista à Spiegel, o ex-interno recorda ainda que as violências sexuais eram comuns entre os alunos no período em que passou no centro. Também cita os trotes dos colegas mais velhos.

“Faziam repercutir a pressão do sistema totalitário que imperava no coral”, afirma.

A arquidiocese de Ratisbona reconheceu dois casos de abusos sexuais contra crianças no coral, ambos anteriores ao período de Ratzinger como diretor.

Dezenove das 27 dioceses da Igreja Católica alemã estão envolvidas em escândalos de abusos sexuais, que começaram a emergir no fim de janeiro.

Fonte: AFP

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