Uma família de três vítimas do acidente com o voo 3054 da TAM, no aeroporto de Congonhas (SP), em 2007, quer tirar do mercado o livro espírita “Voo da Esperança”, do médium Woyne Figner Sacchetin, lançado pela editora Lachâtre. A obra sustenta que os passageiros morreram porque foram algozes numa vida passada.

O pedido de liminar deve ser julgado nos próximos dias pelo fórum de São José do Rio Preto (a 438 km de São Paulo), domicílio do médium. Também se exige uma indenização por danos morais correspondente a mil salários mínimos (R$ 465 mil, em valor atual).

“A família ficou desolada e decepcionada com este livro, que denegriu a imagem de quem não está aqui para se defender”, disse à Livraria da Folha o advogado Marco Aurélio Bdine, que defende a professora Carmem Caballero.

Ela perdeu a mãe (Maria Elizabete, 65) e duas filhas (Júlia, 14, e Maria Isabel, 10) no acidente no dia 18 de julho de 2007, quando um Airbus-A320, vindo de Porto Alegre (RS), saiu da pista de Congonhas, cruzou a av. Washington Luis e bateu no prédio do depósito da TAM, provocando um incêndio e a morte de 199 pessoas.

Os restos mortais da mãe de Carmem foram os últimos a serem identificados. Professora aposentada, ela morava em São José do Rio Preto e tinha viajado ao Sul com as duas netas.

“O autor diz que não existem vítimas inocentes, que os passageiros eram algozes na Gália na época dos romanos. Isso teria sido revelado pelo espírito de Santos Dumont [1873-1932]”, afirmou o advogado.

Paulista de Olímpia (434 km da capital), Sacchetin é médico oftalmologista e, entre seus livros espíritas, está “JK, Caminhos do Brasil” (Lachâtre, 2006), apresentado como depoimento do espírito do ex-presidente Juscelino Kubitschek (1902-1976).

A reportagem procurou o autor e a editora, mas não conseguiu ainda ouvir essas partes sobre a ação judicial.

Fonte: Folha Online

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