Os fiéis da Igreja Renascer em Cristo atribuem a prisão dos líderes Estevam Hernandes Filho e Sônia Haddad Moraes Hernandes à perseguição religiosa. A equipe do G1 visitou templos da igreja durante esta semana e encontrou fiéis, pastores e presbíteros da igreja que usam passagens da Bíblia para explicar por que se sentem perseguidos.
“Esse momento é um momento de perseguição contra a Renascer”, disse a presbítera Carla de Tomazo depois de um culto na Avenida Jabaquara, Zona Sul de São Paulo, na tarde de quarta-feira (10). “A igreja evangélica tem crescido de forma avassaladora. E, espiritualmente, existe uma resistência contra isso”, defende a pastora Adriana Bernardo, que conduz cultos no Tatuapé, na Zona Leste.
Detenção
O casal de líderes da Renascer foi preso na terça-feira (9) no Aeroporto de Miami, no estado americano da Flórida, com US$ 56 mil em dinheiro não declarado. Segundo um documento da imigração americana, os US$ 56 mil estavam guardados em uma Bíblia, um porta-CDs, uma mochila e em parte da bagagem despachada.
Durante um culto nesta quinta-feira (11) na sede internacional da Igreja Renascer, na Avenida Lins de Vasconcelos, na Zona Sul, o discurso girou em torno de distorção da informação. “Querem prender quem tem a verdade”, disse uma pastora no altar, em meio a pedidos de oração pelo casal.
O pastor João Príncipe, há oito anos na Renascer, confia em Estevam e na forma como a igreja aplica o dízimo. “Nós damos o dízimo. Muitos não dão dinheiro para prostituição, para bebida? As pessoas não vêem o que a igreja faz”, defende.
Príncipe afirma que os membros da Renascer dizem estar cientes do destino dado ao dinheiro. “Você acha que somos três milhões de ignorantes?”, pergunta.
Para a presbítera Carla, a igreja é transparente em relação ao dinheiro das ofertas. “Não sobra nada. Tudo é usado para pagar as contas”, diz. “As pessoas sabem que as acusações são mentiras. Ele (Estevam) não rouba, ele não mente”, diz.
Para dar apoio ao casal, a igreja lançou o slogan “Espada pelo Senhor e espada pelo apóstolo Estevam”, repetido em cultos por pastores e presbíteros. Adriana explica que, para eles, espada é o mesmo que Bíblia e não tem um significado de incitação à violência.
Em uma loja ao lado da sede da Renascer na Zona Sul de São Paulo é possível ver cartazes com a frase e uma declaração ao casal. “Apóstolo e bispa, te amamos”, escreveu o fiel. A loja vende produtos da igreja.
A visão dos fiéis
Os freqüentadores também acreditam na inocência de Sônia e Estevam e defendem a Renascer. “O inimigo está agindo. Eu venho de longe porque acredito que a palavra de Deus que está aqui é verdadeira”, diz a aposentada Elza Benites, de 66 anos, que mora na Vila Liviero, na Zona Sul, e freqüenta a sede da igreja.
O auxiliar de portaria Luiz Flávio, de 33 anos, conta que os colegas de trabalho passaram a fazer piadas depois das notícias sobre a prisão.
“O crente precisa andar sempre na linha. Se fizer algo errado, a sociedade cobra”, conta. A resposta aos que brincaram sobre a situação foi simples. “Eu respondi que acusar todo mundo pode. Já provar…”, relata.
Os pastores dizem que não houve uma queda na freqüência dos fiéis nos 1.500 templos da Renascer espalhados pelo Brasil e em outros seis países. “Somos igual clara de ovo. Quanto mais bate, mais a gente cresce”, diz Príncipe.
Fonte: G1