Ao abrir a porta, a surpresa: imagens quebradas e um altar revirado. O Centro Espírita de Umbanda Caminhos de Oxum foi invadido e depredado na madrugada de anteontem.
Foram danificadas oito imagens, que estavam numa prateleira de madeira, além de artigos como copos e pratos utilizados nos rituais religiosos.
O caso foi registrado na 52ª DP (Nova Iguaçu). O delegado Henrique Pessoa, representante da Polícia Civil na Comissão de Combate à Intolerância Religiosa, investiga se o ato de vandalismo foi provocado por fiéis da Igreja Universal do Reino de Deus, que tem uma sede na mesma rua do centro de umbanda.
Por meio de sua assessoria, a Igreja Universal afirmou desconhecer o incidente e informou: “A igreja prioriza o respeito e a consideração a todos os credos religiosos e jamais orientou nem orienta seus membros a praticarem qualquer atitude de intolerância contra pessoas de outras religiões e nem contra objetos que pertençam ao ritual litúrgico de cada crença”.
Encruzilhada
Há pouco mais de um mês, o babalorixá Bruno Pereira diz ter sido alvo de intolerância por parte de fiéis da igreja. Segundo ele, depois de fazer uma oferenda numa encruzilhada próxima ao centro, pessoas que seriam fiéis da Universal destruíram sua oferta.
Bruno procurou o bispo responsável pela Igreja, que teria prometido que a situação não se repetiria. O Instituto de Criminalística Carlos Éboli fará uma perícia no centro de umbanda hoje, para tentar identificar os autores da depredação. Os invasores teriam pulado o muro com o auxílio de tábuas de madeira encostadas no muro de um terreno vizinho. Nada foi roubado do centro.
A porta que dá acesso ao terreiro do centro de umbanda foi forçada, mas não chegou a ser arrombada. Quem invadiu o local conseguiu ter acesso apenas a uma das salas do centro. Para o babalorixá Bruno Pereira, se a invasão do terreiro tivesse se completando, o estrago teria sido ainda maior.
— Como uma pessoa religiosa, não ensino nenhum filho de santo a agredir. De forma alguma admitiria isso — disse o babalorixá.
Comissão
O ataque ao Centro Espírita de Umbanda Caminhos de Oxum foi levado à Comissão de Combate à Intolerância Religiosa, que vai acompanhar o caso. Ivanir dos Santos, coordenador da comissão, diz que muitos casos acabam não sendo investigados porque as pessoas perseguidas sentem medo de represálias. Este ano, já foram feitas quase 40 denúncias à entidade e só oito resultaram em inquéritos policiais:
— As religiões mais perseguidas são as de origem africana e quem costuma atacar são os neopetencostais. Quem faz isso não pode ser um bom cristão. Querem demonizar essas religiões (africanas) e seus adeptos.
Fonte: Jornal Extra