O pastor chinês Boaz Li levou um grupo de 50 fiéis de Hong Kong, Macau e Austrália para o batismo nas águas do Rio Jordão, onde, numa das passagens bíblicas mais importantes, João Batista batizou Jesus Cristo.

O pastor chinês Boaz Li, de 45 anos, fez questão de desembarcar em Israel justamente na semana passada. Trouxe com ele um grupo de 50 fiéis de Hong Kong, Macau e Austrália. Entre eles, os dois filhos, de 17 e 15 anos, que sonhavam ser batizados nas águas do Rio Jordão, onde, numa das passagens bíblicas mais importantes, João Batista batizou Jesus Cristo.

O fato de que a cerimônia de batismo seria realizada perto da cidade de Tiberíades, que se encontra sob bombardeio diário do Hezbollah, não deteve o grupo. Pelo contrário.

“Viemos aqui justamente agora para rezar pelos povos de Israel e do Líbano”, justificou o pastor Li, sob aquiescência dos peregrinos. “Estávamos na Jordânia e poderíamos cancelar a viagem. Mas temos certeza de que tudo isso vai acabar em breve, com ajuda das nossas preces.” Nesse mesmo dia, mais de 15 mísseis Katiusha caíram em Tiberíades e arredores.

O batismo foi realizado às margens do Mar da Galiléia, onde nasce o Rio Jordão, no centro de batismo de Yardenit, um dos locais mais visitados por cristãos em Israel. O grupo do pastor Li recebeu tratamento VIP dos funcionários locais. Não é por menos: são os primeiros turistas a pisarem no local em mais de dez dias.

O fotógrafo Guidi Tzafrir, de 42 anos, que edita vídeos de batismo para peregrinos, não conseguia esconder a satisfação com os visitantes. “É o primeiro trabalho em mais de uma semana. Nem acredito”, dizia, orientando o cinegrafista.

Quando foi aberto, em 1998, o centro de Yardenit fez sucesso imediato. Lá, cristãos que seguem os passos de Jesus na Terra Santa encontram toda a infra-estrutura para o batismo religioso, além de um restaurante e uma loja de souvenirs. Até 2000, ano em que o papa João Paulo II visitou Israel, o local recebeu, em média, meio milhão de peregrinos anualmente. Depois de anos de baixa, por causa da segunda intifada palestina, o número de visitantes voltou a crescer em 2004. Para este ano eram esperados 400 mil fiéis, antes do início dos bombardeios do Hezbollah.

“Nosso estacionamento costumava ficar repleto de ônibus de turismo”, conta o diretor do centro de Yardenit, Yonathan Bobrov. “Mas se o número de turistas cair como aconteceu nas últimas duas semanas teremos que fechar.”

Papa pede cessar-fogo imediato no Líbano

O Papa Bento XVI pediu neste domingo um cessar-fogo imediato no Oriente Médio, para a construção por meio do diálogo de uma convivência estável e duradoura na região.

“Em nome de Deus me dirijo a todos os responsáveis por esta espiral de violência, para que as armas sejam depostas imediatamente por todas as partes”, disse antes da benção dominical do Angelus, celebrada em Castel Gandolfo, a residência de verão dos Papas, perto de Roma.

“Peço aos governantes e às instituições internacionais que não poupem nenhum esforço para obter este necessário fim das hostilidades, para o começo da construção, por meio do diálogo, de uma convivência estável e duradoura entre todos os povos do Oriente Médio”, acrescentou Bento XVI algumas horas depois do sangrento bombardeio israelense contra Cana, sul do Líbano, que matou 51 civis.

Cruz Vermelha necessita de US$ 81 milhões em ajuda para o Líbano

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) anunciou na sexta-feira que reforçará suas operações no sul do Líbano e que para isto necessita de ajuda da comunidade internacional no valor de 64 milhões de euros (US$ 81 milhões) até o fim do ano.

O delegado geral do CICV para o Oriente Médio, Balthasar Staehelin, disse hoje em Genebra que atualmente a assistência humanitária internacional trava “uma corrida contra o relógio”, já que a população civil é “refém” dos combates no sul libanês.

Staehelin acrescentou que é necessário que a ajuda humanitária tenha acesso à população afetada “o mais rápido possível” e afirmou que mais de dez mil pessoas estão escondidas no sul do país.

O delegado do CICV também ressaltou que há corpos sob os escombros das casas destruídas e que os feridos precisam de ajuda urgente.

O CICV, com sede em Genebra, tem planos para distribuir ajuda médica a 650 mil pessoas e alimentos a 200 mil libaneses, e já fortaleceu sua presença em Beirute, Tiro e Marjayoun.

O diretor de operações do Comitê, Pierre Krahenbühl, disse que o acesso às rotas do sul libanês continua sendo difícil, com algumas melhoras registradas nos últimos dias.

Krahenbühl afirmou que a situação era “muito perigosa”, embora admita que não acredita que haja uma política deliberada das partes em conflito para impedir o acesso a essa região.

“A situação continua sendo muito perigosa devido às operações militares e não podemos chegar ao sul do país”, acrescentou.

Os responsáveis do Comitê disseram que a organização entrou em contato com a milícia xiita Hisbolá em 12 de julho, após a captura de dois soldados israelenses, para pedir acesso aos dois militares, mas até agora não receberam resposta.

O CICV também se disse preocupado com a situação dos civis no norte de Israel, onde os foguetes lançados pelo Hisbolá deixaram mortos e feridos, e ressaltou a ajuda israelense com ambulâncias e serviços de emergências.

Além disso, a organização internacional anunciou que distribuiu hoje três mil kits de ajuda humanitária para os moradores e deslocados nas aldeias de Naqura, Alma Ech Chaab, Dhaira, Kharine, Ramiye e Rmeish. O CICV ressaltou que “a situação é alarmante em Rmeish”. Pessoas que fugiram dessa aldeia disseram aos delegados do CICV que os moradores estão bebendo água suja de uma fonte usada para regar cultivos e os mantimentos eram escassos, especialmente as comidas para bebês.

Um comboio foi enviado de Marjayoun a Aitaroun, perto de Bint Jbeil, para distribuir ajuda e evacuar deslocados que ficaram isolados na região após saírem de Rmeish. No entanto, o comboio não conseguiu chegar a Aitaroun e teve que voltar devido às operações militares na região.

A instituição informou também que até agora 150 mil pessoas se refugiaram na Síria e que um terço delas já foi para um terceiro país.

Segundo a Crescente Vermelho Árabe na Síria, 90% das pessoas que permaneceram no país está em casa de parentes, amigos ou famílias que ofereceram abrigo, enquanto outros estão hospedados em hotéis, escolas e edifícios públicos.

Fonte: Estadão, EFE e AFP

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