O Information Age Prayer – em tradução livre, Sistema de Oração na Era da Informação – é um site que se propõe a rezar por você. A pessoa se inscreve, escolhe o tipo de oração que deseja, paga uma taxa e o computador diz, em voz alta, a prece com o nome do assinante exibido na tela.

“A ideia do serviço mostra o descompromisso das pessoas com o divino”, analisa o coordenador do curso de filosofia da Universidade Metodista de São Paulo, Daniel Pansarelli, que é ateu. Já para o fundador do sistema, esta é uma “nova e excitante maneira de se conectar a Deus”.

“A primeira coisa que se deve considerar é que se a pessoa esquece de rezar, isso já não está sendo algo próprio dela, como as necessidades inadiáveis, por exemplo ir ao banheiro e comer. A partir do momento em que eu não faço alguma coisa, é sinal de que aquilo deixa de ter importância destacada na minha vida”, diz o professor.

O site alega já ter recebido visitas de pessoas de 168 países – a maioria dos internautas brasileiros que acessam o site são de São Paulo. Das orações mais pedidas pelo sistema, 30% são para os filhos, 15% prece por ajuda financeira e 10% a Ave Maria. O sistema contempla quatro religiões: catolicismo, protestantismo, judaísmo e islamismo.

Pansarelli acrescenta que se a oração fosse algo importante, a pessoa não deixaria de fazê-la. “É um questionamento de valores. Na nossa cultura, muitos valores estão sendo superados, substituídos, pode ser um sinal de modernidade, mas para mim, isso revela como são frágeis os nossos valores”, afirma.

O filósofo ainda diz que a perda de valor de uma pessoa que paga para que o computador reze por ela é a mesma perda de valor do caso do britânico que molestou a filha por 33 anos. “Claro que as consequências são diferentes, mas talvez o princípio não seja tão distinto.”

“Essa questão de ‘prece eletrônica’ me faz refletir que fazemos a mesma coisa com a ideia de cidadania, eu doo algum dinheiro para um programa de televisão e sinto que estou fazendo a minha parte, não preciso fazer mais nada. É o descompromisso, não sabemos o que estamos buscando”, completa o professor.

Fonte: UOL

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