Entidades ligadas à Igreja Católica desafiam o Vaticano, orientam em material didático uso de camisinhas como método de prevenção ao HIV e distribuem preservativos para quem as procura.

Uma dessas Organizações Não-Governamentais (ONGs) é a Aids: Apoio, Vida, Esperança (Aave), de Goiânia, criada e comandada pela freira Margaret Hosty.

Reportagem publicada no início desta semana no jornal O Globo, do Rio de Janeiro, informa que pastorais também orientam o uso do preservativo. No caso de Goiânia, a pastoral da Aids do Centro-Oeste é coordenada pela irmã Margaret. Na noite de quinta-feira, o arcebispo metropolitano de Goiânia, dom Washington Cruz, por meio de nota, contesta a matéria de O Globo e diz que o fato de a freira dirigir as duas entidades gera confusão.

“É incompleta e induz os fiéis à confusão matéria publicada no jornal O Globo. Não há nenhum tipo de confronto entre a orientação oficial da Igreja e as atitudes dos agentes da referida pastoral. A Igreja não aceita, não propaga e não acha conveniente a distribuição de preservativos como o meio mais seguro de evitar o contágio do HIV. A irmã Margaret Hosty é coordenadora da pastoral e também dirige uma ONG que atende a soropositivos e promove a luta de combate à aids. O fato de ela fazer parte dessas duas organizações cria certa ambigüidade em relação ao que ela disse.”

A ONG se declara, em seu site, ligada à Arquidiocese de Goiânia e à pastoral da área da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Na nota, dom Washington informa que “a Pastoral da Aids não incentiva e nem dá suporte à distribuição de preservativos”. Ele diz ainda que a ONG “tem outros compromissos com as políticas públicas de Saúde do governo.”

O Vicom informa que a distribuição de camisinhas na Aave é feita apenas para quem procura e porque a ONG recebe verbas da União e é obrigada a cumprir diretrizes. Como responsável pela pastoral, a freira concorda com a idéia da Igreja Católica, informa dom Washington: “Irmã Margaret comunga com a posição da Igreja e acredita que a distribuição de preservativos não é eficaz para se evitar a expansão do contágio pelo HIV.”

Prevenção

A vice-presidente da entidade, Flávia Pires, diz que o trabalho se restringe à assistência aos portadores do vírus. A Aave oferece cursos de informática, culinária, artesanato, entre outras atividades e serviços assistenciais, “para possibilitar a auto-sustentabilidade do portador”, diz. Ela confirma que o nome da ONG aparece em folhetos que orientam o uso da camisinha, mas que esse não é o foco da Aave.

Ela afirma que a linha de atuação coordenada pela entidade é de apoio ao público portador do HIV. São 308 famílias cadastradas. Algumas têm mais de um portador. “Nós levamos informação como meio de prevenção.” A prevenção à transmissão do HIV nas relações sexuais, no entanto, só é feita por meio de preservativos. Outra maneira de se prevenir seria a abstenção.

Em abril deste ano, a CNBB admitiu pela primeira vez a possibilidade de apoiar ações governamentais antiaids, centradas no uso de preservativos. O texto “Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil”, da confederação, não traz, no entanto, qualquer menção a camisinhas. “A Pastoral da Aids se realiza em cinco direções: prevenção, intervenção, recuperação, ressocialização, acompanhamento e apoio das políticas governamentais para combater esta pandemia.”

O texto orienta a prevenção com base em critérios éticos da Igreja Católica, o que exclui o uso da camisinha como método para evitar a transmissão de doenças, entre elas a aids.

Fonte: Diário da Manhã – GO

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