A Igreja Maradoniana não tem uma sede ou um templo. Resume-se basicamente a um conceito e a uma paixão que, duas vezes ao ano, reúnem cerca de 500 seguidores em locais escolhidos especificamente para cada evento.
Mas a força do nome de Diego Armando Maradona e a dedicação de seus idealizadores fazem dessa “religião” um ponto turístico de Rosario e uma atração entre boleiros.
Um turista desavisado que chega à cidade e procura uma igreja tradicional, com uma imagem de Maradona num altar, nada encontra. O que existe é uma pequena igreja de madeira e uma mini estátua do camisa 10 na sala de Hernán Amez. Um dos três fundadores da Igreja Maradoniana, ele transformou sua residência em um ponto de encontro.
Adoradores do ídolo argentino e curiosos de todo o mundo já foram à casa de Hernán. “Já recebi pessoas de China, Japão, Estados Unidos, Escócia, Colômbia, Venezuela, Chile, Espanha, França, Inglaterra…”, enumera ele, após uma rápida busca na memória e nos cartões de visita que guardou.
São jornalistas, produtores de cinema ou simples “maradonianos” que procuram o idealizador da igreja. Em sua casa, encontram a minicapela, uma réplica do troféu, uma bola personalizada e a bíblia maradoniana (a biografia sobre o craque), além de inúmeras fotos e livros sobre o ex-jogador.
Enquanto recebia a reportagem do UOL Esporte, Hernán exibia em sua televisão o DVD sobre a Igreja Maradoniana. Graças a essa “religião”, ele e os dois fãs do ídolo argentino que fundaram a instituição são reconhecidos por personalidades do país.
Em sua casa, Hernán tem as camisetas da igreja que ele vende para os visitantes por 70 pesos argentinos (cerca de R$ 35). São pelo menos três modelos diferentes, incluindo um feminino. Segundo ele, o lucro será utilizado para sustentar o site da igreja, hoje fora do ar.
“Minha intenção não é ganhar dinheiro com a paixão das pessoas, mas sim conseguir colocar o site no ar novamente. Tanto é que, a cada 50 camisetas, metade é vendida e a outra parte vira presente para as pessoas que gostam do Maradona”, conta. E entre os agraciados com tal “recuerdo” incluem-se jogadores de todo o mundo.
“Uma vez, o Messi levou uma para o Barcelona e precisou fazer uma encomenda. Mandei camisetas para Ronaldinho Gaúcho, Deco, Puyol e Giuly”, recorda Hernán. Ronaldinho, por exemplo, aparece com a camiseta no livro escrito sobre a Igreja Maradoniana, assim como Careca e o inglês Gary Lineker, derrotado por Maradona no Mundial de 1986.
Diante da fama que sua igreja ganhou, Hernán Amez registrou os direitos sobre a ideia. “Foi uma recomendação do Guillermo Coppola, ex-empresário de Maradona. Ele disse que seria bom fazer isso para evitar problemas futuros.”
Hoje, a Igreja Maradoniana segue se reunindo em dois cultos anuais: na “Páscoa”, festejada no dia que a Argentina venceu a Inglaterra na Copa de 86 com dois gols do craque (22 de junho), e no “Natal”, dia do aniversário de Maradona (30 de outubro). “Meu sonho é conseguir construir uma igreja física para nosso deus”, completa Hernán, orgulhoso com o símbolo que criou em homenagem ao atual treinador da Argentina: D10S.
Fonte: UOL