Adolescentes com Smartphones (Foto: Reprodução)
Adolescentes com Smartphones (Foto: Reprodução)

Por ano, são aplicados quase 2 milhões de golpes pela internet, no país, de acordo com números do Anuário Brasileiro de Segurança Pública.

Diante de tanta criatividade e má-fé, não é difícil acreditar em novos absurdos. Um vídeo de 2021 voltou a circular na rede, falando sobre o suposto “Golpe da Bíblia”, em que os criminosos estariam usando a Palavra de Deus para espalhar o terror digital.

O vídeo descreve o golpe da seguinte forma: por meio de ligação telefônica, o criminoso se apresenta, afirmando ser missionário, diz que quer falar de Jesus e pergunta se pode compartilhar um versículo com o interlocutor. Ao longo dessa conversa, ele faz perguntas que levam a respostas como “sim”, “aceito”, “quero”. Essas falas seriam gravadas e utilizadas, posteriormente, em transações bancárias em nome da vítima.

O site Boatos.org chegou a desmentir o vídeo, mostrando que a acusação não passava de fakews criada com o objetivo de gerar pânico. O conteúdo, entretanto, serviu para duas coisas importantes: reforçar a necessidade de se proteger contra golpes online e ter mais cuidado com as informações recebidas e repassadas.

De acordo com o engenheiro de dados cristão Salatiel Bairros, especialista em Inteligência Artificial, apesar de o vídeo ser uma fraude, já que o sistema de segurança bancário é extremamente avançado, fica o alerta quanto à necessidade de estar atento tanto às tentativas de golpes quanto às fakenews.

“É um golpe bastante improvável, visto que apenas algumas palavras gravadas seriam muito pouco para se fazer algo que realmente desse certo. Dá para criar a voz da pessoa, mas precisa de mais conteúdo, e gravação por telefone não é suficiente. O padrão, pela própria lei LGPD, é confirmar os dados da pessoa e não passar nada sem confirmar esses dados antes. Os golpes estão, sim, ficando mais elaborados, mas esse da Bíblia, especificamente, é bastante improvável de ser verdade”, afirma Salatiel.

O especialista lembra que há outros golpes reais, muito mais eficazes e perigosos, aos quais as pessoas devem estar atentas. “Com CPF e RG, é possível convencer, por exemplo, o atendente a criar um chip para você em nome de outra pessoa. A segurança das operadoras de celular é extremamente terrível”, alerta.

Já em relação às fakenews, Salatiel ressalta que o cristão tem o dever de não passar para frente informações falsas. Ele ressalta que, na dúvida, é melhor não repassar e fazer uma pesquisa para saber a veracidade da informação.

“Toda vez em que alguém passa para frente um vídeo como esse, com afirmações elaboradas e assustadoras, tentando usar a própria autoridade como base, desconfie. Uma posição que costumo ter é: tenha desconfiança dobrada, triplicada, de tudo que tenha um sentido urgente e um ‘call to action’ imediato baseado apenas em autoridade”, orienta.

Bancos usam reconhecimento facial

Para o especialista em Inovação Leo Carraretto, que é evangélico, o “Golpe da Bíblia” nada mais é que uma fakenews, visto que, atualmente, as transações bancárias digitais funcionam por meio do reconhecimento facial.

“O que é obrigatório no sistema bancário é reconhecimento facial. Nunca vi utilizar áudio e voz como chave de assinatura ou reconhecimento para transações financeiras. Por outro lado, pode servir para alertar as pessoas sobre esse tipo de fakenews”, afirma.

Os golpes mais aplicados no Brasil

Falso emprego: quando, por meio de SMS ou WhatsApp, acontece a oferta de um emprego bom, de meio período, para trabalhar em casa e com boa remuneração. Obviamente trata-se de um golpe, onde se visa a obtenção de dados pessoais e muitas vezes o pagamento de taxas, que são destinadas para contas de golpistas;

Link malicioso: por meio de mensagens simulando ser o banco ou mesmo comunicando sobre algum benefício ou auxílio social se pede o contato por meio de um número telefônico que vem em forma de link, para que a pessoa clique em cima. Ao clicar acontece a instalação de um malware, um software malicioso que irá roubar os dados pessoais do celular;

Maquininha: esse golpe se tornou comum em grandes eventos e aglomerações e possui mais de uma modalidade. Na mais comum, ao efetuar uma compra com um ambulante, a pessoa entrega o cartão para pagamento e em fração de segundos o cartão é trocado sem que a vítima perceba e quando perceber será tarde. Outra modalidade é chamada de “chupa senha”, quando se insere o cartão, se digita a senha e se tem a mensagem de que a compra é inválida. Na realidade, a máquina está adulterada e a senha digitada fica gravada, permitindo uma série de operações fraudulentas com o cartão da vítima.

Fonte: Comunhão com informações de Associação de Dados Pessoais e Consumidor (ADDP)

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