Uma organização católica laica pediu nesta sexta-feira a renúncia de todos os bispos envolvidos na polêmica de ocultação de casos de abusos sexuais a menores de idade na arquidiocese de Dublin, na Irlanda.
O pedido da Voz dos Fiéis da Irlanda (Votfi) chega no momento em que a Conferência Episcopal realiza hoje em Dublin uma reunião extraordinária para debater o encontro dos bispos irlandeses com o papa Bento 16, em fevereiro.
O Vaticano pediu um encontro com a alta hierarquia irlandesa para analisar as consequências do chamado “Relatório Murphy”, que revelou em novembro passado a conivência da Igreja Católica com o Estado para encobrir centenas de casos de abusos sexuais nas paróquias de Dublin.
Em comunicado, a Votfi também culpa o papa por não ter ordenado a abertura de uma investigação interna sobre as práticas que chama de “cultura de ocultação em nível mundial”.
A organização diz confiar que Bento 16 abordará a questão na “carta pastoral para a Irlanda”, que o papa prometeu escrever para se dirigir aos fiéis do país.
Caso contrário, adverte a organização, a autoridade moral do Vaticano na Irlanda e a dos bispos do país poderia ser derrubada e nunca mais recuperada.
Condenações vazias
A Votfi teme que a citada carta se limite a “repetir as condenações vazias aos abusos sexuais pelos sacerdotes”.
“Já foi especialmente danoso o reconhecimento da Conferência Episcopal de que o Relatório Murphy trouxe à luz uma estendida cultura de ocultação de abusos sexuais de menores na igreja”, diz a nota.
Segundo o comunicado, a admissão deveria ter provocado a imediata saída de todos os bispos que participaram ou permitiram a ocultação, seguida de uma declaração imediata do papa prometendo uma investigação.
A organização aponta que o problema dos abusos sexuais e o encobrimento da Igreja Católica se estendem muita além da Irlanda e “respingam na Igreja universalmente e no governo de Roma”.
Quatro bispos deixaram o posto desde a publicação do relatório da juíza Yvonne Murphy sobre a arquidiocese de Dublin, a maior do país. O texto concluiu que as autoridades católicas ocultaram o abuso a crianças por parte de padres durante três décadas.
O único dos cinco altos clérigos criticados no documento que ainda segue no cargo é o bispo de Galway, Martin Drennan, que diz que o relatório não o menciona diretamente.
Fonte: Folha Online