O grupo mais importante de líderes religiosos do Irã considerou ilegítimos a disputa presidencial no Irã e o governo de Mahmoud Ahmadinejad, eleito no último dia 12 em uma disputa polêmica devido às acusações de fraude pela oposição. Reportagem do jornal “The New York Times” informa que este é o primeiro desafio ao líder supremo do país e aponta para um forte racha entre a cúpula religiosa.

“É válido lembrar que o grupo está indo contra uma eleição verificada e santificada por Khamenei.”

Associação de Qum

Desde a eleição, a cúpula religiosa da cidade sagrada de Qum (156 km a sudeste da capital Teerã), segundo mais importante centro religioso do Irã, tem permanecido calada. Quando decidiu se pronunciar, o grupo de clérigos, formado durante a Revolução Islâmica (1979), pelo aiatolá Ruhollah Khomeini, partiu direto para apoiar a oposição.

Embora muitos clérigos da associação sejam reformistas ou independentes, muitos são fervorosos apoiadores de Khamenei e do presidente reeleito, Ahmadinejad. Além disso, grande parte dos seminários da cidade, que dependem de fundos do governo, contam com o apoio e proteção da Guarda Revolucionária.

O “NYT” cita que a declaração da associação dá fôlego a Mousavi e a outros líderes da oposição que contestam os resultados das urnas, como o ex-presidente Mohammad Khatami e o ex-primeiro-ministro e candidato derrotado Mehdi Karroubi.

Junto do conservador Mohsen Rezai, o grupo submeteu um total de 646 queixas contra o resultado do pleito, o qual diz ter sido fraudado. O resultado da eleição, divulgado no último dia 13 de junho, deu início aos maiores protestos de rua em Irã desde a revolução de 79.

Para analistas ouvidos pelo jornal, o governo vai continuar pintando a oposição como traidores, mas não deve usar a mesma tática contra a opinião dissonante dos clérigos de Qum.

“Isso é significativo porque, mesmo entre os religiosos, há muitos que se recusam a reconhecer a legitimidade dos resultados da eleição anunciados pelo líder supremo”, disse um analista político iraniano que não quis ser identificado, temendo represálias.

Protestos violentos

Em meio aos primeiros protestos, o líder supremo do Irã endossou a vitória de Ahmadinejad e ordenou o fim das manifestações sob ameaça de repressão.

No dia seguinte à declaração de Khamenei, feita durante um sermão na universidade de Teerã, houve episódios de violência nas ruas e prisões feitas durante as manifestações e à noite. No total, 20 pessoas morreram e 1.032 foram detidas, de acordo com dados oficiais.

Fonte: Folha Online

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