Uma organização italiana pediu nesta quinta-feira ao papa Bento 16 o recolhimento de todas as obras de arte sacra que carreguem ranços de anti-semitismo.

A Associação Romana de Amigos de Israel enviou uma carta ao papa pedindo “um sinal claro e inequívoco” de que ele não vai tolerar quaisquer formas de anti-semitismo na arte religiosa ou em procissões, por exemplo.

O grupo enviou a carta ao papa em protesto a uma exposição realizada dentro de uma igreja, na cidade de Orvieto, na região de Úmbria, que exibe várias pinturas mostrando judeus profanando uma hóstia consagrada –vista pelos católicos como o corpo de Cristo.

“O fato de que a cultura [do anti-semitismo] continue a sobreviver em paróquias é extremamente preocupante para nós”, disse a carta, à qual a Reuters teve acesso.

“É sinal de que as brasas adormecidas da intolerância e do ódio continuam a arder debaixo das cinzas, que, após o Holocausto, esperávamos que tivessem sido apagadas de uma vez por todas.”

Um quadro intitulado “O Milagre de Trani” retrata a lenda de uma judia, no ano 1000, que teria entrado despercebida em uma igreja na cidade de Trani, no sul da Itália. A mulher teria roubado a hóstia consagrada e a levado para casa a fim de profaná-la, fritando-a em óleo. Um “milagre” teria transformado a hóstia em carne e sangrar. A mulher foi enforcada, sendo lembrada em Trani até os dias de hoje durante a Semana Santa.

“O fato de um quadro assim ser exposto em uma igreja é tão grave e insultante que decidimos escrever diretamente ao papa, passando ao largo de padres e bispos”, disse à Reuters a presidente da associação, Anna Borioni.

Nas últimas décadas o Vaticano vem reunindo esforços para melhorar suas relações com judeus. Em 1994, o Vaticano estabeleceu relações diplomáticas com Israel. Em 2000, o papa João Paulo visitou a Terra Santa.

Fonte: Folha Online

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