PT discute mudança de estratégia para tentar estabelecer diálogo direto com religiosos; pesquisa Ibope indica que 42% dos paulistanos que escolhiam petistas declaram hoje voto no PRB.

A consolidação de Celso Russomanno junto ao eleitorado evangélico, reforçada pelas recentes ações da campanha do PRB em parceria com a Igreja Universal e com um setor da Assembleia de Deus, já preocupa o comitê do candidato petista à Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, que prepara agora um plano para tentar falar diretamente a esse público.

Uma em cada cinco pessoas que tradicionalmente votam no PT é evangélica. Entre esses eleitores, segundo o último Ibope, 42% declaram voto em Russomanno, líder nas pesquisas.

A coordenação da campanha já discutiu a inclusão de temas caros aos evangélicos, como a regularização dos prédios dos templos, na pauta de Haddad. Hoje o comitê deve voltar a se reunir para definir se os programas de TV vão ou não abordar a questão.

De acordo com Marcos Ribeiro, que coordena o setor inter-religioso do partido, o candidato petista terá um estande para fazer propaganda eleitoral na Expo Cristã, que reunirá líderes religiosos e fiéis das diferentes igrejas pentecostais no centro de eventos do Anhembi, na zona norte, de 25 a 30 de setembro.

A campanha também pretende, diz ele, realizar um encontro entre Haddad e o Conselho de Pastores e Ministros Evangélicos do Estado, composto por dirigentes de diferentes denominações das igrejas pentecostais, incluindo a Assembleia de Deus e a Universal.

A falta de uma estratégia até agora para atrair o eleitorado evangélico, concentrado em áreas periféricas onde o PT tem historicamente boa votação, é vista como um erro por uma ala do partido. “A demanda das igrejas já está no plano de governo de Haddad, mas a campanha optou por não deixar isso mais claro nos programas eleitorais. Foi um erro. Agora isso vai ter de ser falado”, afirma Ribeiro.

Assim como o candidato do PRB, José Serra (PSDB), que divide tecnicamente o segundo lugar nas pesquisas com Haddad, tem dedicado parte da agenda a compromissos religiosos.

Ele tem o apoio de parte da Assembleia de Deus e tenta conquistar agora a Renascer em Cristo – a igreja ainda não decidiu se dará oficialmente seu apoio ao tucano ou a Russomanno.

A aposta do PT era de que Haddad atrairia os votos dispersos na medida em que o candidato petista se tornasse um rosto mais conhecido com a veiculação do horário eleitoral gratuito.

Haddad tem mais que o triplo do tempo de TV de Russomanno. Após duas semanas de programas, o Ibope apontou crescimento do petista de 9% para 16%. O resultado ainda está abaixo dos tradicionais 30% obtidos pelo partido na capital paulista.

“Sempre votei no PT. Sempre, toda vida, sabe?”, diz a diarista Bernadete de Souza, 37 anos, enterrando a mão no ar, polegar grudado no indicador, como que para dar ênfase à sua fala. “Mas a gente nunca teve chance de votar em um dos nossos, né, minha filha? Então meu voto hoje é para o Russomanno.” Moradora do Grajaú, na zona sul, um histórico reduto do eleitorado petista, ela frequenta às quartas, sextas e domingos os cultos da Assembleia de Deus.

[b]Fonte: Estadão[/b]

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