Intolerância religiosa
Intolerância religiosa

No próximo domingo (21) é celebrado o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa. A data foi instituída pela Lei Federal nº 11.635/ 2007 e tem como objetivo tentar combater um mal que cresceu 175% nos últimos três anos, segundo pesquisas do Relatório sobre Intolerância Religiosa, com base nos dados do portal Disque 100. Só em 2022, foram 1.200 ataques contra as religiões. Mas por que números tão altos em um país tão cristão?

“Temos a prática da intolerância por parte de alguns cristãos contra outras crenças, por não entender corretamente a prática da missão, do evangelismo. O cristianismo não serve como religião imposta. A ordem de Jesus não é impor a pregação. Do outro lado, também temos uma intolerância contra o próprio cristianismo, que é crescente no Brasil em função da presença do relativismo muito forte e do processo de secularismo antirreligioso”, afirma o pastor Amauri Oliveira, presidente da Igreja Presbiteriana da Penha (IPP), em São Paulo.

Na opinião do pastor Amauri, na maioria das vezes o que leva uma pessoa a cometer um ato de intolerância religiosa é o fato dela achar que apenas a sua religião é a correta, que as outras são erradas e trazem prejuízos em todos os sentidos para a sociedade.

“A partir do momento que a pessoa faz uma construção mental de que aquela outra religião é ameaçadora à sociedade, de que aquilo vai contra ao que ela entende como sendo para o bem coletivo, cria-se dentro de si uma justificativa para combater a outra maneira de pensar, então, ela pratica a intolerância religiosa”, justifica.

Para evitar uma propagação desse mal, o pastor fala que a família e a igreja têm um papel fundamental. “O papel tanto da família como da igreja é ensinar a relação correta, a discordância saudável. Ensinar o verdadeiro tom da missão, que é evangelizar, influenciar. Somos o sal e a luz do mundo para salgar, temperar, impedir o apodrecimento da sociedade, iluminar as obscuridades sociais. O cristianismo é a religião que mais sofreu intolerância religiosa na história da humanidade. Cristo respondeu perdoando aquele que o ofendia”, enfatiza.

Lei brasileira ampara a liberdade religiosa
De acordo com o professor acadêmico, pastor Geraldo Moyses Gazolli Junior, que também é mestre em Ciências da Religião e doutorando em Teologia, o problema da intolerância religiosa no Brasil é histórico e, na maioria das vezes, é ensinado aos filhos, de uma geração para outra, o que dificulta o combate.

“Uma pessoa intolerante geralmente foi alimentada por um longo prazo com ódio, seja na infância, seja no convívio de amigos e a própria mídia. Há também líderes que inspiram para o mal e a prática dessas ações”, enfatiza. Ele lembra que quem sofre esse tipo de ataque possui respaldo legal para se defender.

“Pessoas que passam por isso são amparadas pelo artigo 18 da Constituição. O amparo constitucional e penal deve ser usado. É um direito. Como cristãos entendemos que há cenários em que nosso testemunho envolve sofrimento e perseguição, como Jesus já havia alertado (João 15:20). Mas caso avance ou indique violência física ou mental, o campo penal é a melhor escolha”, orienta.

Dados de 2023

Segundo o Ministério de Direitos Humanos e Cidadania, o Brasil registrou 2.124 violações de direitos humanos relacionadas à intolerância religiosa durante todo o ano de 2023. O número, divulgado pelo Disque 100 – Disque Direitos Humanos, indica um aumento de 80% na comparação com o ano anterior, quando foram compiladas 1.184 violações provenientes de diversas regiões do Brasil. As religiões de matriz africana seguem como as mais afetadas pela violência e intolerância religiosa. Os estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia chamam atenção pela recorrência nos casos.

Fonte: Comunhão e Ministério de Direitos Humanos e Cidadania

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