Um padre de São José do Rio Preto (440 km a noroeste de São Paulo) foi afastado de suas funções na diocese da cidade após ter supostamente revelado segredos de confissões narrados por fiéis em 2004.

O afastamento ocorreu após decisão de primeira instância do Tribunal Eclesiástico. Cabe recurso.

O pedido para o afastamento do sacerdote Telmo José de Figueiredo, 44, responsável pela paróquia do Divino Espírito Santo, no bairro Solo Sagrado, partiu do bispo do município, dom Paulo Mendes Peixoto, até que o processo seja julgado em segunda instância.

“Enquanto existir o recurso, ficam suspensas todas as penalidades até o julgamento final”, entretanto, “para o bem do povo de Deus e preservar a figura do sacerdote, o bispo pediu que ele ficasse afastado de suas funções na diocese”, diz nota divulgada pela diocese ontem e assinada pelo padre Francisco Rodrigues, assessor do órgão.

Rodrigues declarou à Folha que padre Telmo, como é chamado, nega a acusação, acatou o pedido do bispo e recorreu da decisão de primeira instância.

A nota relata que, em 2004, “alguns fiéis se sentiram lesados na sua individualidade em confissão sacramental”.

Naquela ocasião, “procuraram o bispo da época [dom Orani Tempesta], e o caso foi encaminhado ao Tribunal Eclesiástico”.

O padre Rodrigues informou no documento que “na base do direito da Igreja, feita a averiguação, o caso foi encaminhado à Congregação da Doutrina da Fé, em Roma, que solicitou que a diocese abrisse processo de primeira instância e julgasse o caso”.

O tribunal concluiu que as acusações eram válidas, há cerca de dois meses, e o padre foi afastado de suas funções.

“Não posso revelar o teor das acusações, quantas pessoas acusaram o padre e detalhes sobre a decisão em razão de segredo de justiça eclesiástica. É uma pena que o assunto vazou para a imprensa”, afirmou Rodrigues.

A reportagem não localizou o padre Telmo. Na paróquia onde ele exercia suas funções havia cerca de seis anos, uma funcionária disse que o pároco viajara para o exterior. O responsável pela paróquia desde o afastamento do sacerdote é o padre Irineu Vendrami. O Solo Sagrado é um bairro de classe média localizado na zona norte da cidade.

Questionado se o caso poderia culminar na expulsão do padre da Igreja Católica, Rodrigues disse que isso pode ocorrer se o fato for confirmado em segunda instância.

“Se a Santa Sé acolher de fato e ele for condenado, é praticamente automática [a expulsão]. Na minha vida de padre, há 25 anos, é a primeira vez que ouço relato de tal fato.”

Fonte: Folha Online

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