Meu Deus o que é isso?”. Disse Maria de Jesus Pinheiro, 43 anos, que vendia mingau na porta da igreja Assembleia de Deus, localizada na avenida Bernardo Sayão próximo à Padre Eutíquio, bairro do Jurunas, em Belém, quando, por volta às 20h40, viu o piso do pátio da igreja vir abaixo.
“Eu ouvi o estalo e de repente o chão começou a abrir de uma ponta a outra. Eu agarrei as minhas filhas pequenas que estavam do meu lado e me joguei para o meio da rua. Depois foi só a gritaria que vinha lá de dentro”, contou Maria Pinheiro.
O porteiro foi a única vítima do desabamento. Manoel Antenor Ramos, 86 anos, não teve tempo de correr e ficou embaixo dos tijolos e do piso. Ele foi retirado pelo Corpo de Bombeiros cerca de 40 minutos depois do desabamento. Manoel estava gravemente ferido e foi levado para o PSM da 14 de Março.
Na hora do acidente, cerca de 40 pessoas, principalmente crianças e idosos, estavam no culto que começou às 18h30 e iria terminar às 21h30. No meio da oração, o susto. “Somente o porteiro estava lá. Mas quando eu lembrei que minha esposa e minhas filhas estavam lá na frente vendendo mingau entrei em desespero, que só passou quando a vi chorando no meio da rua. Ela pensava que eu tinha morrido”, disse Aurélio Gonzáles, 71 anos.
A agonia tomou conta de todos. A parede da fachada quase desabou e foi segurada pelos vizinhos e pessoas que passavam no local até a chegada do Corpo de Bombeiros. “Não solta se não desaba tudo e o senhor que está aí debaixo pode morrer”, dizia um rapaz que segurava a fachada de madeira.
Segundo Ronilson Soares Silva, de 24 anos, que estava na igreja, o local foi comprado pelos fiéis em setembro do ano passado e desde então estava sendo construída aos poucos. A obra estava sob a responsabilidade técnica do engenheiro civil João Carlos Moraes Dias, conforme a placa afixada na parede que depois desabou. “Quando adquirimos o local já existia uma estrutura velha, que é onde estamos erguendo a igreja. O piso que desabou já existia”, contou.
Na avaliação do comandante da equipe de socorro do Corpo de Bombeiros, Wallison, o principal motivo do acidente foi a construção irregular em uma área alagada. “Além de ser em um lugar assim, que necessita de cuidados maiores, a Bernardo Sayão tem um tráfego muito grande e são veículos pesados que passam por aqui”, disse.
Fonte: Diário do Pará