A Polícia Civil vai instaurar inquérito esta semana para investigar a igreja Assembléia de Deus dos Últimos Dias. Há suspeita de que a congregação seria usada para lavar dinheiro do tráfico de drogas.
Na sexta-feira, o pastor Ronaldo Pinheiro Ribeiro, o Roy, 33 anos, um dos líderes da igreja, foi preso com os traficantes Diogo de Moura Rezende, o Diogo Gordo, 23, e João Paulo Garcia dos Santos, o JP, 27, chefes das bocas-de-fumo das favelas Parque União e Vila dos Pinheiros, ambas no Complexo da Maré. O religioso é acusado de esconder os criminosos, que são ligados a facções rivais, numa fazenda em Paty do Alferes, na Região Serrana.
A propriedade pertence a outro pastor da igreja, Jonesmar Leite da Silva, que foi indiciado por favorecimento pessoal, já que os bandidos foram encontrados em seu imóvel. No local, foram achados cerca de R$ 44 mil em 15 folhas de cheque, R$ 12.650 em dinheiro, nota promissória no valor de R$ 15 mil, documentos falsos, dois celulares, cartões de crédito e agenda telefônica.
“Quero saber qual é a relação da igreja com o tráfico e a origem do dinheiro encontrado com eles. Temos cheques de valores altos que não correspondem com a movimentação da loja veterinária pertencente ao pastor”, afirmou a delegada da 96ª DP (Miguel Pereira), Roberta Carvalho.
Ela contou que sua equipe monitorava Roy há 20 dias. Segundo a polícia, tanto ele quanto Jonesmar são ligados ao pastor Marcos Pereira da Silva, líder da Assembléia de Deus dos Últimos Dias, famoso por ‘regenerar’ traficantes presos. A polícia não soube dizer se o “tio Marcos” que aparece na agenda apreendida seria o evangélico.
Documentos falsificados
Os traficantes foram surpreendidos quando estavam com suas famílias na Fazenda Boa Esperança. Desarmados, pularam uma janela, mas foram detidos. Ligado à facção Amigos dos Amigos (ADA), JP tentou se passar por outra pessoa, apresentando documentos em nome de Lucas Galdino Alves.
O bandido é suspeito de matar o jogador de futebol Anderson Luiz Nascimento de Souza, o Negrete, em 2005, após partida na Vila do João. Diogo Gordo, além de chefe do Parque União, controlado pelo Comando Vermelho (CV), atua como ‘matuto’ (fornecedor de drogas) desde o ano passado.
O chefe de Polícia Civil, delegado Gilberto Ribeiro, preferiu não destacar o fato de dois bandidos de facções rivais terem sido presos juntos. “Não chama atenção porque pastores entram nas carceragens e pregam para bandidos de todas as facções”, disse.
Segundo investigações, a ligação entre JP e Diogo Gordo é antiga e passa pelo controle de Kombis que circulam pela Maré.
Fonte: O Dia