A Igreja Batista do Pinheiro, em Maceió, recebeu da Assembleia Legislativa de Alagoas (ALE) o reconhecimento de Patrimônio Material e Imaterial do Estado. O título foi publicado no Diário Oficial Eletrônico de quarta-feira (6).
Com cultos realizados aos domingos, a igreja segue viva dentro do Pinheiro, que se tornou praticamente um bairro fantasma por causa da desocupação de imóveis provocada pelo processo de afundamento do solo na região.
A igreja foi a primeira na cidade a fechar por causa da pandemia e a última a abrir. No mês de julho deste ano, os cultos voltaram de forma presencial, mas as transmissões pela internet continuaram. O pastor Wellington Santos conta como tem sido esse trabalho de resistência dentro do Pinheiro.
“Não tem sido fácil, mas estamos aqui seguindo com os trabalhos. Não dá para ter culto à noite, por exemplo, as pessoas se sentem muito inseguras. O bairro está completamente desocupado, um cemitério, mas seguimos aqui lutando e resistindo até o fim”, diz o pastor da IBP.
O pastor comemora o reconhecimento de patrimônio imaterial e ressalta a luta da igreja para combater o preconceito e a disseminação do ódio.
“Temos muita história para guardar na memória, principalmente a luta que a gente vem travando pelos direitos da mulher, contra a LGBTfobia, contra o racismo. É possível ser igreja e lutar para ser algo além de um discurso. As pessoas vão lembrar que houve uma igreja evangélica que disse não ao ódio”, ressaltou o pastor.
O trabalho de acolhimento aos grupos minoritários não é de hoje. Em 2016, a Igreja Batista do Pinheiro chegou a ser excluída da Convenção Batista Brasileira (CBB) por realizar o batismo de membros assumidamente homossexuais.
Apesar das críticas, a luta continua, assim como a esperança em dias melhores.
“Não sabemos como vai ficar a nossa situação, mas podemos garantir que vamos lutar até o fim. Somos uma comunidade de fé e vamos seguir resistindo”, garantiu o pastor.
Exclusão da CBB
A Igreja Batista do Pinheiro (IBP), em Maceió, foi excluída da Convenção Batista Brasileira (CBB) por realizar, desde fevereiro de 2016, o batismo de membros assumidamente homossexuais.
O batismo de homossexuais passou a ser praticado pela IBP após uma assembleia extraordinária que contou com a maioria dos votos dos membros.
No documento, publicado no perfil da CBB no Facebook, eles afirmam que a igreja de Maceió fere a constituição da convenção e a palavra de Deus.
“A diretoria da CBB entende que a Igreja Batista do Pinheiro tem seu direito à autonomia (…), mas ao tomar isoladamente esta decisão, desconsiderou o espírito cooperativo e participante entre as igrejas batistas e expôs a denominação diante de uma situação desconfortável perante à mídia como se agora os batistas aceitassem livremente como membros de suas igrejas pessoas homoafetivas”, diz trecho da declaração.
Fonte: G1