A Igreja Católica da Itália decidiu entrar em campo para que o futebol, segundo ela, volte a ser “fator de educação e valor no país”. Nesta semana, a Conferência Episcopal Italiana (CEI) comprou o Ancona, um time que nos últimos anos enfrentou problemas financeiros e judiciais.

Além disso, o time estava envolvido no último grande escândalo do futebol no país, quando vários times foram condenados por participar de um esquema de manipulação de resultados.

Para efetivar a aquisição, o Centro Esportivo Italiano, da CEI, reuniu um grupo de empresários católicos para comprar e administrar o clube. Com a aquisição, o Ancona – que há quatro anos jogava na série A e hoje participa do campeonato da terceira divisão – já está sendo chamado de o “time dos bispos”.

“Queremos que o futebol volte a ser um instrumento educativo e que não seja mais estruturado com base em valores exclusivamente econômicos”, afirmou o presidente do CSI Edio Constantini. “Demonstraremos para os jovens que o esporte não é apenas ilusão.”

Com a administração católica, várias mudanças estão sendo preparadas para influenciar a torcida, os jogadores e os dirigentes do time criado em 1905. O time passará a contar com um código de ética e vai vender bilhetes com preço reduzido aos torcedores. Em troca, o time quer que eles não exibam cartazes ofensivos e não agridam a torcida adversária.

Além disso, dizem os novos controladores do Ancona, os dirigentes “deverão investir em obras para ajudar os pobres do Terceiro Mundo com os eventuais lucros” e os jogadores que não se comportarem bem e cometerem faltas graves serão punidos com horas de trabalhos voluntários.

“É uma maneira de moralizar o futebol”, disse o arcebispo de Ancona, Edoardo Menichelli. “É também uma forma de trazer um pouco de ética a um setor que passa por uma grave crise de valores.” O atual presidente do clube, Sergio Schiavon, vendeu 80% da sociedade, mas permaneceu com os restantes 20% para, segundo ele, “preservar o espírito da iniciativa em que foi constituído o clube”.

“Começamos com o Ancona, mas nosso grande sonho é um time nacional do Vaticano”, disse don Paganini, assistente espiritual do CSI. “É possível que o futebol e o esporte possam melhorar o diálogo com o Islã e outras religiões.” Segundo don Paganini, o secretário de Estado do Vaticano, Tarcisio Bertone – especialista em futebol e torcedor da Juventus – foi o primeiro a cogitar um time de futebol do Vaticano de alto nível para competir na série A do campeonato italiano. Bertone revelou em várias ocasiões a possibilidade de a Santa Sé formar um time de futebol de “grande valor”.

Por enquanto, porém, as apostas da Igreja estão agora com o Ancona.

Fonte: BBC Brasil

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