A Igreja Católica da Alemanha anunciou que irá pagar indenizações a vítimas de abusos cometidos por padres, num valor ainda não determinado.

“O número de vítimas que já pediram compensação financeira é muito baixo”, disse a jornalistas Robert Zollitsch, presidente da Conferência Episcopal Alemã, após uma reunião com bispos de todo o país. “Isso poderá mudar quando se souber que há um tipo de assistência ou reconhecimento financeiro.”

“É difícil compensar algo assim”, acrescentou ele, “mas estamos prontos para contribuir financeiramente, no sentido de pagar pela terapia, e também como uma admissão (de culpa).”

A Igreja Católica enfrenta nos últimos meses centenas de denúncias de abusos físicos e sexuais em escolas católicas, a exemplo do que vem ocorrendo nos últimos anos em vários países da Europa e Américas, mergulhando o Vaticano numa das suas piores crises na história moderna.

As acusações são particularmente delicadas na Alemanha, terra natal do papa Bento 16, ele próprio acusado de ter sido leniente com um caso de abuso em 1980.

Enquanto Zollitsch falava, cerca de cem manifestantes se reuniram diante da catedral de Fulda para pedir reformas e um reconhecimento mais claro dos abusos por parte da Igreja.

“Do que acuso a Igreja? De ter acobertado as coisas por anos, por séculos, e não respeitar a vontade de Deus”, disse a manifestante Ingrid Behm, que levava um cartaz com a frase “chega de molestadores de crianças.”

“Na minha cabeça, o celibato também é totalmente estúpido”, acrescentou.

Zollitsch disse que a oferta de indenização será formalizada na semana que vem, numa reunião de uma comissão criada em março pelo governo para discutir o assunto.

A indenização pode amainar a crise, que chegou a atingir o próprio Zollitsch. Meses atrás, promotores arquivaram uma investigação em que ele era suspeito de ajudar e acobertar um padre que sabidamente havia cometido abusos, e mesmo assim foi designado para uma nova paróquia.

[b]Fonte: Estadão[/b]

Comentários