A Igreja poderá passar a divulgar listas de deputados que votarem contra a posição dos católicos no Congresso e nas Assembléias. Esta é uma das formas de viabilizar a participação política sem que haja identificação com partidos ou ideologias, como recomendou Bento XVI, avalia Dom Dimas Lara Barbosa, secretário-geral da CNBB.
As listas teriam os nomes de quem votou contra e a favor de determinado tema e seriam acompanhadas de uma avaliação crítica.
A criação de uma espécie de ‘bancada católica’ está descartada. Segundo Dom Dimas, a Igreja deverá ter atuação política firme mas evitará apoiar um ou outro candidato, principalmente em períodos de eleição.
O parlamentar pode estar alinhado com a Igreja num tema, mas ser picareta em outras áreas
– O parlamentar pode estar alinhado com a Igreja num tema, mas ser picareta em outras áreas – explicou.
Dom Dimas afirmou que a Igreja deverá multiplicar os cursos de formação política, que incluem de filosofia a sistemas econômicos, mas que os padres deverão ficar fora dos palanques.
– A tarefa de militância cabe aos leigos. Tomar partido cria uma cisão dentro da própria diocese e a política partidária não é tarefa da Igreja – disse o bispo.
Bispos do Rio e de São Paulo, reunidos no ano passado, definiram alguns temas a serem discutidos em profundidade e sobre os quais a Igreja deve manifestar sua posição claramente. Entre eles estão a biotecnologia, que inclui a discussão do uso de embriões humanos nas pesquisas de células-tronco; o uso da Internet e a violência nas grandes cidades.
– O biotecnologia precisa ser discutida do ponto de vista ético. E se a sua seguradora tiver acesso ao seu genoma e descobrir que você tem um gene que pode causar uma doença grave ou degenerativa no futuro? Você vai se tornar uma mercadoria estragada? – indaga.
Na avaliação de Dom Dimas, os discursos de Bento XVI no Brasil, considerados por muitos duros e conservadores, foram necessários para marcar a posição da Igreja.
– Mais do que nunca, precisamos de uma identidade clara do que é ser católico – afirmou.
Outra intenção da Igreja é articular e divulgar seus trabalhos sociais.
– Chega de tanta notícia ruim, é preciso que as pessoas saibam também as coisas boas que estão acontecendo. Nas igrejas, fiéis chegam a se apavorar quando escutam um ranger de porta. Tem gente sempre preparada para se jogar no chão – diz Dom Dimas.
Fonte: Globo Online