Um padre, filiado ao PT, desistiu de sua candidatura para prefeito nas eleições de outubro por conta da cartilha da CNBB, que proíbe expressamente a participação padres no pleito deste ano.
Uma determinação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) mudou o quadro político no município de Picos (306 quilômetros ao Sul de Teresina) e chama a atenção para as restrições impostas pela Igreja Católica à participação de sacerdotes na política.
O padre Walmir Lima, filiado ao PT, desistiu de sua candidatura competitiva a prefeito nas eleições de outubro próximo por conta da cartilha da CNBB, que proíbe expressamente a participação padres no pleito deste ano.
O documento da alta cúpula da Igreja Católica chama a atenção para a participação de padres na política. No Piauí, vários deles já se enveredaram na política, mas a maioria não obteve êxito nas gestões e alguns enfrentam hoje processos nas áreas administrativa e penal.
Hoje, dois sacerdotes exercem mandatos de prefeito – o padre Herculano Negreiros, prefeito de São Raimundo Nonato, e o padre Domingos Cavaleiro, de Domingos Mourão. Os dois enfrentam ou já enfrentaram problemas com a Justiça. Padre Herculano é acusado de improbidade administrativa no uso de recursos federais e está em vias de perder o mandato por irregularidades na prestação de contas de recursos de convênios federais. Ele foi condenado à perda do mandato pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região e se mantém no cargo graças a recursos.
O prefeito de Domingos Mourão, padre Domingos Cavaleiro, por sua vez, foi preso há dois anos, acusado de pedofilia, depois de ser denunciado pelo Ministério Público. Ex-prefeito de Dom Inocêncio, padre Manoel Lira teve recentemente uma condenação pela 1ª Câmara Especializada Cível do Tribunal de Justiça do Piauí. O Tribunal negou seguimento da apelação de decisão que condenou o ex-prefeito a devolver R$ 1 milhão para os cofres públicos municipais e á cassação de seus direitos políticos por oito anos. Ele também ficou proibido de fazer contratos com o poder público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios por dez anos.
A decisão da 1ª Vara Especializada Cível do Tribunal de Justiça manteve a decisão do juiz da 2ª Vara da Comarca de São Raimundo Nonato, que anulou o ato administrativo do padre Manoel Lira Parente.
Ele foi denunciado por supostamente, como prefeito, ter transferido o prédio de uma escola pública municipal em nome de Maria da Conceição Leal, para a Fundação Ruralista. Padre Lira foi prefeito da cidade em três legislaturas, sendo a última no período de 2005 a 2007. A Fundação Ruralista era coordenada pelo padre e sempre prestou serviços relevantes para o município no apoio a pequenos agricultores e convivência com a seca.
[b]Fonte: 180 Graus[/b]