A Igreja Católica classificou como ‘fenômeno psicológico’ o transe coletivo em pelo menos 25 alunos de uma escola do distrito de Cachoeira, em Itatira, no Ceará. Num único dia, 25 tiveram de receber atendimento médico no hospital da cidade vizinha de Canindé.

As alunas, com idades de 12 a 19 anos, começam a se debater, chutam e viram os olhos. Elas dizem que estão vendo um jovem que estudou na mesma escola e morreu afogado há cerca de 7 anos.

O transe coletivo levou a direção da escola a suspender as aulas por 3 dias a pedido do padre e parapsicólogo José Helio Correia de Freitas. De acordo com o religioso, que esteve em Itatira na última quarta-feira dando uma palestra e atendendo os casos, o tipo de manifestação as adolescentes tiveram é uma expressão do inconsciente.

– Há todo um contexto de cidade pequena do interior, com superstições em relação a essa rapaz que morreu afogado. Toda essa crendice, aliada à assombrações e rituais ‘exorcistas’ que algumas igrejas insistem em praticar, gerou essa histeria coletiva – salienta o padre.

– Essas crianças são muito simples, humildes, e ficaram assustadas com tudo isso. É tudo uma fantasia involuntaria, uma força orgânica que gerou sintomas como palpitação no coração, fraqueza nas pernas e outros sintomas nessas meninas.

Ainda na quarta-feira o padre Freitas conversou com todas as adolescentes que apresentaram os sintomas após uma palestra. Enquanto Freira falava aos alunos, uma jovem começou a passar mal e outras também tiveram os mesmos sintomas.

O religioso, através da conversa, realizou um trabalho parapsicológico com as vítimas, uma espécie de hipnose.

– Trabalhei a partir da parapsciologia e psicologia, aplicando técnicas de pronto-socorro. A intenção foi tirá-las do mundo consciente, hipnótico. Realizamos uma espécie de hipnose, com estímulos positivos através da conversa – ressalta José Helio Correia de Freitas.

O primeiro caso foi registrado no começo deste mês. As alunas relatam o que viram e sentiram durante o transe.

– Ele é moreno, alto. Quando está em outras meninas fica olhando para a gente e dizendo ‘Vou te pegar’. Elas falam grosso, diferente – diz a estudante Jéssica da Silva.

– Ele veste uniforme. É moreno, alto, a calça dele é azul. Ele fala com a gente – diz Beatriz Nascimento, que chegou a ferir com as unhas um rapaz que tentou socorrê-la.

O padre disse que as adolescentes agora terão de ter um acompanhamento psicológico.

Fonte: O Globo

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