A Conferência Episcopal Paraguaia expressou em um comunicado sua preocupação pelas “fricções criadas pelas mútuas agressões verbais” trocadas constantemente entre o presidente Nicanor Duarte Frutos e membros da Igreja católica.
Os bispos analisaram o caso em uma reunião de seu conselho permanente, e segundo o titular do organismo, o monsenhor Ignácio Gogorza, os “ataques” presidenciais se devem ao lançamento da candidatura do ex-bispo Fernando Lugo e ao favoritismo que este tem entre o eleitorado.
O conselho esclareceu ainda que Lugo “não é nosso candidato, nem da igreja”. Porém, vários sacerdotes e bispos expressam apoio e se pronunciam publicamente a favor da candidatura do ex-bispo, e com freqüência Duarte Frutos e políticos do Partido Colorado, no governo, questionam essa posição “partidária” dos religiosos.
“Pedimos aos sacerdotes, religiosos e religiosas e aos agentes da pastoral que não promovam candidaturas políticas e não utilizem as capelas, instituições ou recintos da igreja católica para facilitar reuniões de caráter político-partidário”, diz o texto da Conferência Episcopal.
O documento considera também que não são convenientes e nem oportunas para a “necessária cooperação” entre a Igreja e o Estado “as fricções criadas pelas mútuas agressões verbais” entre o presidente e os políticos, de um lado, e alguns religiosos, do outro.
Lugo renunciou ao bispado em 2006, mas o Vaticano rejeitou seu pedido porque segundo o direito canônico trata-se de uma condição permanente.
Com isso, alguns políticos colorados tentam impugnar a candidatura do ex-bispo, recorrendo à proibição constitucional a ministros de qualquer culto ou religião à presidência do país.
Consultado sobre o tema, Gogorza respondeu que segundo os cânones da Igreja católica Lugo não pode ser candidato, mas que se o parâmetro é a constituição do Paraguai, a decisão deverá ser tomada pela Justiça.
Fonte: Ansa