Depois de 200 anos afirmando que Joseph Smith era monógamo, a Igreja Mórmon admitiu sua poligamia que incluía menina de 14 anos.

A igreja Mórmon admitiu que seu fundador, Joseph Smith, casou-se com cerca de 40 mulheres, incluindo uma de 14 anos e outras que já eram esposas de seus seguidores, depois de insistir durante 200 anos que ele era monógamo.

A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias tem tentado esclarecer certos aspectos de sua história, incluindo a poligamia praticada por Smith e Brigham Young, que ajudou a fundar a cidade de Salt Lake City, no Estado norte-americano de Utah, a sede da igreja Mórmon.

“Joseph teve várias esposas adicionais e autorizou outros santos dos últimos dias a praticar o casamento plural”, afirmou um documento da igreja intitulado “Casamento Plural em Kirtland e Nauvoo”, enfatizando que “estimativas cuidadosas colocam o número entre 30 e 40”.

A igreja foi amplamente criticada pela maneira como tratava mulheres, negros –que não podiam ocupar altos cargos em sua hierarquia até 1978– e gays, banidos de seus templos se fossem sexualmente ativos.

As esposas de Smith eram sobretudo mulheres entre os 20 e os 40 anos, mas Helen Mar Kimball, filha de amigos próximos, foi separada para ele meses antes de completar 15 anos.

“O casamento plural era difícil para todos os envolvidos. Para Emma, esposa de Joseph Smith, era uma provação abominável”, afirma o texto, parte de uma coleção publicada ao longo do ano passado.

Há um ano a Igreja dos Santos dos Últimos Dias tem publicado em sua página na web uma série de ensaios sobre temas polêmicos, tais como qual foi o processo de tradução feita por Smith do Livro de Mórmon —as escrituras sagradas da Igreja—; a poligamia e a proibição de acesso dos negros ao sacerdócio até 1978 —algo imortalizado com ironia no musical da Broadway “Book of Mormon”: “Em 1978, Deus mudou de opinião sobre os negros”.

Apesar de dizer que atua em nome da transparência, a Igreja não divulgou esses estudos sobre seu passado, que estão escondidos na web, sem uma busca ou link que leve a eles. Muitos mórmons dizem não saber desses ensaios, segundo reportagem publicada nesta terça-feira pelo jornal The New York Times.

O jornal de Nova York entrevistou Emily Jensen, jornalista especializada em mormonismo, para quem a notícia da poligamia de Smith levará os fiéis às cinco fases do luto: negação; ira; negociação; tristeza; e finalmente, aceitação.

“Disseram-me que Joseph Smith era quase um profeta perfeito, a mim e a muitos mais”, afirma Jensen. “Esta não é a Igreja em que cresci, este não é o Joseph Smith que eu adorava”, diz Jensen ao Times sobre a reação dos fiéis em Utah. Em sua opinião essa será a reação de muitos seguidores da fé mórmon, que no mundo são cerca de 14 milhões, metade deles nos Estados Unidos.

Segundo o ensaio, alguns desses casamentos de Smith eram para a vida vindoura, para depois da morte, o que faz supor que não tenham sido consumados com relações sexuais. Presume-se que o matrimônio do fundador Smith com a jovem Kimball poucos meses antes que ela fizesse 15 anos tenha sido esse tipo de união, para o além.

Em 1890, sob pressão do governo dos EUA, a Igreja Mórmon acabou com a poligamia. Os mórmons que não aceitaram isso acabaram saindo para formar seus próprios cultos, alguns ainda existentes. O caso mais polêmico foi de Warren Jeffs, líder espiritual de uma seita polígama de Eldorado (Texas), condenado em 2011 por agressão sexual a menores, depois que mais de 50 meninas foram resgatadas de um sítio que funcionava como templo.

[b]Fonte: Reuters[/b]

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